A independência no meio da crise


“aquela sempre lembrada frase que ‘seremos o celeiro do mundo’ já deixou de ser futuro para realçar o presente”


 

A eclosão dessa pandemia ocasionada pelo coronavírus mexeu com o mundo todo e nada ficou distante e a salvo da ação desse vírus; dos países mais ricos e mais avançados aos mais pobres e miseráveis, todos sofreram e ainda estão sofrendo, até o momento que comece um declínio, a contaminação diminua e, também, o mais importante, morra menos gente; até que isso ocorra, vamos manter a vigilância, evitar ao máximo o contágio e utilizar todas as armas que temos no enfrentamento disso que é , sob algumas circunstâncias, muito pior que uma guerra.

Na próxima segunda-feira, 7 de setembro, é o dia em que comemoramos a independência do Brasil quando o então regente, o príncipe Pedro I, deu aquele famoso grito de “Independência ou Morte”, às margens do riacho Ipiranga, na hoje capital paulista e, efetivamente, mudou a história do Brasil. Desde 1815 que D. João VI havia elevado o Brasil Colônia à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves.

O grito do Ipiranga, a 7 de setembro de 1822, consolidava os anseios do povo brasileiro, inclusive os portugueses que já viviam por aqui há algum tempo e estavam irmanados no desejo de emancipação do jugo das cortes portuguesas; mas as lutas não cessaram após o grito do Ipiranga e, em algumas províncias, muitos não aceitavam a emancipação e continuavam a lutar contra ela. A nossa Bahia aparece como um grande exemplo das lutas em favor da emancipação, com o povo daqui enfrentando as tropas portuguesas, em lutas memoráveis até hoje citadas pelos historiadores, principalmente em Salvador e no recôncavo baiano, culminando com o 2 de julho de 1823, para muitos historiadores, a verdadeira data de emancipação do Brasil.

Deixando de lado essas filigranas da história, vamos continuar comemorando o 7 de setembro como a data máxima da nossa trajetória política e administrativa, quando assistimos aos desfiles cívico-militares que ocorrem em todo o país, enaltecendo as figuras importantes que ajudaram a consolidar a nossa soberania e manter a nossa unidade. O povo gosta dos desfiles e a juventude gosta de participar, ostentando o orgulho de ser brasileiro e de viver em um país que tem sido um exemplo para o mundo na convivência social, sem brigas tribais e raciais. Temos problemas sim, como qualquer país, e a brutal desigualdade social continua sendo uma nódoa que nos envergonha, mas que podemos diminuí-la à medida que haja vontade política e, também, uma melhor conscientização da maioria da população de que a ganância é um mal e as belezas e riquezas do nosso grande país são suficientes para melhorar a qualidade de vida daquela faixa da população que se encontra à margem do progresso.

No momento atual, em que o mundo se curva, indefeso, diante do coronavírus, o nosso Brasil aparece como um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo e aquela sempre lembrada frase que “seremos o celeiro do mundo” já deixou de ser futuro para realçar o momento presente; temos os exemplos da carne, da soja, dos sucos, do café e de outros produtos que o nosso agronegócio, cada vez mais pujante, não está deixando faltar no mercado internacional.

A pandemia não deixou que comemorássemos o atual 7 de setembro com o mesmo brilhantismo de anos passados mas nem por isso devemos deixar de citá-lo e mostrar, principalmente, aos jovens, que não foram em vão as brigas e as dificuldades enfrentadas pelos antepassados no sentido de emancipar e consolidar uma democracia numa área tão extensa, um verdadeiro continente, que abriga o povo brasileiro, com suas peculiaridades, suas grandezas e suas fraquezas, mas um povo que impõe o seu respeito pelo trabalho e pela solidariedade.