Aos 103 anos, dona Crildes, a longeva  que considera Lula um injustiçado




O Diário Bahia, ao longo de sua relativamente curta história tem buscado fazer reportagens positivas. Pessoas e fatos relevantes que contribuíram para a construção e história da cidade. Minha amiga Fátima me pediu para entrevistar esse doce de pessoa e é o que acontece agora.

No nem tão distante Sergipe, na cidade de Frei Paulo, nascia há mais de um século Dona Crildoca ou para netos e bisnetos Dona Crildoquinha, que na pia batismal recebeu o nome oficial de Crildes Lima Oliveira.

A filha de Francolino Rodrigues Lima e de Cristina de Jesus Lima viria a casar-se em 15 de fevereiro de 1931, com Napoleão Oliveira, um comerciante sergipano, fumante inveterado, que por conta do vício viria a morrer de um efizema pulmonar no Rio de Janeiro, em agosto de 1971.

Tiveram sete filhos, dois já mortos. José Antonio e Marlene, cinco ainda vivos. José Alberto (médico de 81 anos), Marly (que não se formou, de 79 anos), Margarida (contabilista de 68 anos), Ana Cristina (nossa colega jornalista de 64 anos), e a caçula Conceição (cirurgiã dentista de 61 anos que trabalha e mora em Itabuna).

Pessoa adorável

A centenária Dona Crildes pede obediência, respeito, honestidade, moral e civismo aos brasileiros

Lúcida nos seus 103 anos, de boa conversa, vai completar aniversário em 19 de outubro próximo. Quase nunca esteve num médico, a não ser para uma cirurgia superficial na cabeça, lindamente emoldurada pelos cabelos brancos.

Reclama muito de um aparelho para surdez que nunca usa. “Numa das poucas vezes em que fui a um médico ele disse que eu precisava usar. Nunca me acostumei.” Aliás, justo que se diga, jamais precisei usar de outros recursos na entrevista, a não ser falar mais alto e olhar diretamente para ela.

Nunca foi de reclamar da vida. Segundo a filha sempre gostou de coisas boas. Adora fazer compras. Já foi considerada “gastadeira”, coisa que enquanto casada, o saudoso marido Napoleão jamais a deixou de atender.

A entrevistada nos recebeu em sua casa, no Góes Calmon, bem próxima ao Jequitibá, onde nos recebeu ao lado da filha Ana Cristina com quem mora há mais de vinte anos. Conversamos por mais de duas horas e nem vimos o tempo passar.

Costuma costurar até hoje (já lhes disse antes a sua idade de 103 anos) e nos mostrou alguns trabalhos em croché. “É da máquina para o quarto, onde descanso.”

Lula, o injustiçado

Uma pessoa nessa idade já viu de tudo na vida. De 1915 aos dias atuais já viu troca de moedas, de governos, de costumes. Nada jamais lhe atrapalhou. De política falou pouco. Acha que tem gente pior do que Lula solta por aí. “Lula é um injustiçado”, diz.

Pela idade alcançada ela não vota mais, mas acompanha as notícias, o que acontece no Brasil.

Reclama que nos dias de hoje a injustiça campeia. Falta respeito aos pais, professores, família e mais velhos. O País não valoriza a educação. “Quando voltarmos a ter obediência, respeito, honestidade e educação moral e cívica, o Brasil será outro”, completa.