Tema constante no noticiário dos meios de comunicação, a violência praticamente tomou as atenções do mundo, nas ultimas décadas, com as novas gerações convivendo com ela, num cenário que julgávamos não mais ocorrer, mormente depois que o mundo, estarrecido, viu os horrores de duas guerras mundiais, num espaço de vinte e cinco anos. As guerras convencionais deram lugar a atentados, terrorismo internacional e, no meio urbano, aos assaltos, sequestros, homicídios, latrocínios, chegando até a um lugar que ninguém imaginaria que um dia chegasse, à escola.
A vida humana, em algumas áreas, principalmente, nas grandes cidades, passou a não ter nenhum valor e as modificações observadas no caminhar da humanidade, piorou muito; aquele atentado às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, em 2001, não deixou de ser um divisor de águas no terrorismo internacional; lembro-me bem que alguns analistas internacionais salientaram, logo após aquele atentado, que o mundo não mais seria o mesmo e, efetivamente, as modificações foram se acentuando, a violência aumentando, nas cidades e no campo.
Recentemente, saiu mais um “Atlas da Violência”, mostrando os estudos realizados pelos analistas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) quando se verifica que, no nosso grande país, em 2017, houve 65.602 homicídios, numa correlação de 31,6 mortes para cada 100 mil habitantes, quando a média mundial é de 6,4 mortes para 100 mil habitantes; estamos, portanto, nos primeiros lugares desse triste campeonato, com 5 vezes mais homicídios que a média mundial. A estatística também mostra que 59,1% dos óbitos de homens entre 15 e 19 anos são ocasionados por homicídios. Naquele ano de 2017, cerca de 23% dos jovens não estudavam e nem trabalhavam e aí fica a pergunta: estariam fazendo o quê?
Quando a pesquisa da violência prossegue e compara-se as regiões geográficas do nosso país, verifica-se que, entre 2007 e 2017, houve diminuição de homicídios no sudeste e centro-oeste; certa estabilidade no sul e crescimento no norte e nordeste, demonstrando que o desenvolvimento econômico concorre para diminuir essa mácula que nos coloca nos primeiros lugares de um campeonato que melhor seria não existir.
Ao lado da violência, aparece o narcotráfico e aí a coisa piora, pois os traficantes, além de agirem em cima da juventude, levando-a ao vício e ao crime, também travam uma batalha sem quartel, pela posse dos pontos da droga, alastrando a violência, pondo a população em polvorosa e as autoridades envolvidas na questão, até certo ponto, atônitas, face o progresso do tóxico. Parece verdadeira a observação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, próximo a deixar o poder, em uma entrevista, quando dizia que havíamos perdido a guerra para o tóxico. Apesar da dura repressão, os traficantes continuam na ativa, aliciando os jovens e causando medo nas comunidades.
Como enfrentar essa violência, que tem vários matizes? A ação policial é necessária, constante, mas não a única; tentar baixar o nível de desemprego seria outra vertente, mas, exequível a longo prazo; diminuir a paternidade irresponsável, já que acabar é impossível, também é outro caminho; melhorar a qualidade da educação e, mais que tudo, manter o jovem na escola, contribuiria para diminuir essa vergonhosa estatística; fazer crescer a economia também concorreria, mas como, a curto prazo?
Há muitas prováveis soluções, algumas a médio prazo, outras a longo prazo, mas algo deve ser feito, não somente pelos governos, mas por toda a sociedade, para enfrentar essa violência que nos envergonha.