Todos conhecem bem a finitude da vida, embora ninguém, por mais que afirme, esteja conformado e aceite tranquilamente essa passagem para uma nova e desconhecida dimensão. Os seres vivos, ao serem gerados, já estão fatalmente condenados e a morte, um dia, chegará para todos; esse fato tem intrigado a humanidade e ocupa boa parte das discussões filosóficas e religiosas e, assim, constantemente estamos chorando e lamentando as perdas queridas de parentes e amigos.
No último dia 25, um sábado, tomamos conhecimento da morte de João França Santana, um homem que foi um exemplo vivo de dignidade, coerência, honestidade e um devotado apego à nossa terra. João nasceu numa propriedade rural hoje pertencente ao município de Itapé, mas à época do seu nascimento, fazia parte do município de Itabuna; logo cedo, sua família veio para Itabuna, passando a morar na Jaqueira, hoje Avenida Fernando Cordier, onde João cresceu tomando banho no Cachoeira e exercendo as peraltices próprias da infância. Fez o primário com as professoras Sancha Galvão, Dalila Paganelli e Maria da Luz Silva Santos indo, depois, fazer o ginásio em Salvador. Ingressou na Faculdade de Direito, que hoje pertence à Universidade Federal da Bahia, concluindo o curso no ano de 1949, quando da inauguração do Fórum Ruy Barbosa e o centenário de nascimento do grande baiano.
Ao retornar para a sua terra querida no início dos anos cinquenta, começou a atuar no fórum local e logo cedo foi envolvido pela política, elegendo-se vereador; participou de cinco legislaturas, muito bem contadas no seu livro de memórias “5 Legislaturas e Outras Histórias” e Itabuna passou a conhecer um filho ilustre que atuou em vários setores da comunidade, sempre com simplicidade, competência e dedicação; lecionou no Ginásio Firmino Alves e na então Escola Técnica de Comércio de Itabuna, local onde iniciamos uma amizade que durou até agora; gostava do esporte e foi dirigente da liga itabunense.
A sua atuação na política só recebeu elogio; ocupou vários cargos no legislativo municipal, inclusive a presidência, participando de todos os embates que diziam respeito aos interesses de Itabuna e da região.
Dono de uma memória prodigiosa, dava gosto ouvi-lo contar as coisas de nossa terra e, por diversas vezes, forneceu subsídios aos nossos historiadores a respeito de fatos históricos, nome de ruas, datas importantes, sempre às ordens para ajudar a quem precisasse de tão valiosas informações.
Casado com a itabunense Stella Oliveira Santana, cuja morte o deixou bastante abalado, interrompendo uma feliz união que durava 61 anos; uma ano após a perda da esposa, perde a filha Lucia Helena, restando o filho Antonio Sérgio e três netos.
No último sábado, 25 de janeiro de 2020, fechou os olhos para sempre, aos 96 anos, o grande e impoluto cidadão itabunense João França Santana, deixando um legado de exemplar chefe de família e cidadão prestante e, para a classe política, um exemplo dignificante de que se pode exercer a política voltada para o bem comum, dentro da ética, da seriedade e da honestidade.