Artigo de João Otávio Macedo – MAIS UM CENTENÁRIO


“seleto grupo passa a receber, a partir de hoje, 01 de novembro, a agradável companhia da Sociedade Montepio dos Artistas de Itabuna”


Dentro dos aspectos culturais do nosso povo, aí incluído a classe dirigente, está o menosprezo pela história, pelas tradições, pelos marcos históricos, enfim, sobre tudo aquilo relacionado ao passado, aos pioneiros e à própria constituição das cidades e vilas. Não podemos, e não devemos jogar no limbo do esquecimento os verdadeiros construtores das comunidades e o muito que fizeram para colocar mais um tijolinho nesse edifício fantástico que chamamos civilização.

A nossa Itabuna dispunha de apenas três instituições que completaram um século de existência: a Associação Comercial de Itabuna, a Sociedade São Vicente de Paulo e a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, mas, este seleto grupo passa a receber, a partir de hoje, 01 de novembro, a agradável companhia da Sociedade Montepio dos Artistas de Itabuna, fundada que foi, nesta data, no ano de 1919.

Mesmo antes da emancipação política, quando se transformou no município de Itabuna, em 1910, para aqui vieram vários artesãos, nas diversas áreas, para participarem da edificação de casas e edifícios, para costurar as roupas e fabricar os sapatos, já que a nova cidade crescia vertiginosamente, atraindo pessoas de outros estados e de outros países pela fama dos decantados “frutos de ouro”, que alavancaram o progresso não só de Itabuna, mas de toda a chamada região cacaueira.

Mas os artesãos necessitavam de uma organização da classe e, assim, no dia 01 de novembro de 1919, na oficina do marceneiro Flaviano Moreira, que se situava na então praça 2 de julho, hoje praça Santo Antonio, sob a liderança deste, os artífices fundaram a Sociedade Montepio dos Artistas de Itabuna .Estavam presentes à reunião de fundação Ismael Casaes, Eliseu Pedra, Manoel da Hora, Manoel Vidal, Antonio de Moura Teixeira, João Rodrigues Conceição, Manoel Francisco dos Santos (Manoel da Chica), Manoel da Matta Virgem, Joaquim Vidal, Aprígio Silva e outros e foi solicitado ao farmacêutico Arthur Nilo de Santana, que elaborasse os Estatutos da nova sociedade, aprovados no dia 29 de janeiro de 1920.

A nova sociedade passou a funcionar em uma casa alugada na rua Ruy Barbosa, onde também passou a abrigar uma escola primária para atender os filhos dos operários, a partir de 07 de julho de 1922. Fato importante foi a formação da Filarmônica Euterpe de Itabuna, mantida pelo Montepio, que passou a atuar desde 07 de setembro de 1925.

Hoje a Sociedade Montepio dos Artistas de Itabuna dispõe de uma moderna sede própria, no calçadão da Ruy Barbosa, em um prédio de três pavimentos e ainda mantém, mesmo com dificuldades, a filarmônica Euterpe de Itabuna, abrilhantando as datas cívicas e religiosas em nossa cidade.

É com muita alegria que vemos o entusiasmo de Argeu Fontoura Santos e seus pares enfrentando as dificuldades, empenhando-se em manter presente essa chama que foi pela primeira vez acesa há 100 anos. Um século de existência, hoje comemorado e que esperamos que outros cem anos também sejam festejados, lembrando, às gerações recentes, o que esses pioneiros fizeram na consolidação e no progresso de nossa cidade.