Quando, no final de 1807, D. João VI reuniu parte importante da corte lisboeta e se mandou para a vastidão da colônia brasileira, fugindo da invasão da península ibérica pelas tropas do general francês Junot, ao aportar na Bahia, precisamente em Salvador, onde ficou por alguns dias, tomou importantes decisões que mudariam a história do Brasil. Uma delas foi a criação da primeira escola de medicina, precisamente no dia 18 de fevereiro de 1808 que não foi, apenas, a primeira instituição a cuidar do ensino médico, mas também a primeira escola de nível superior a ser criada no emergente país. D. João VI partiu, depois, para o Rio de Janeiro, onde fixou a sede de seu governo e lá, no dia 05 de novembro de 1808, criou a segunda escola de medicina, a do Rio de Janeiro. A escola baiana é um importante marco na história do ensino superior em nosso Brasil e lá encontramos, no terreiro de Jesus, o imponente prédio por onde passaram milhares de brasileiros e estrangeiros em busca dos ensinamentos de Esculápio. No século XX, houve a instalação de várias escolas de medicina, nos diversos estados brasileiros e, na nossa Bahia, a segunda escola só apareceu em 1953, com a criação da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, com data de fundação de 07 de abril daquele ano.
Ate 1997, tínhamos 85 escolas de medicina, mas em 20 anos, mais do que triplicamos, graças, principalmente, às escolas particulares que, hoje, correspondem a 60 % do número total de escolas médicas. Já faz algum tempo que as entidades médicas, com o Conselho Federal de Medicina à frente, vêm alertando o poder público para essa irresponsável atitude de criar escolas indiscriminadamente, sob o argumento de democratizar o ensino médico quando, na verdade, ajudou a espalhar escolas sem a devida qualificação, formando profissionais que não estão devidamente aptos para o exercício de tão complexa profissão. Hoje, ostentamos o elevado número de 337 escolas de medicina, suplantando países mais populosos como Estados Unidos, China e Rússia, só perdendo para a Índia.
Finalmente o atual governo, que está enfrentando com seriedade e resolutividade problemas imensos que se arrastam há muito tempo, resolveu dar um basta a essa situação, pois não há falta de médicos no país e, sim, uma má distribuição, já que estamos formando quase meio milhão de médicos a cada ano. Essa locação ruim de médicos na vastidão do território pátrio também decorre da falta da carreira de estado do médico, outra bandeira antiga do Conselho Federal de Medicina; o governo dispõe dos meios necessários para contratar e localizar profissionais da saúde em áreas carentes, promovendo uma distribuição que atenda às necessidades de atenção à saúde nas regiões mais necessitadas.
Estão as entidades médicas esperançosas que um salto importante será dado, levando a atenção à saúde a todos os brasileiros, já que somente o poder público tem, nas mãos, as ferramentas necessárias para promover uma adequada assistência médico-hospitalar, cada vez mais complexa e mais cara.