São deveras muito interessantes as coisas da política, principalmente quando observamos fatos ocorridos num passado não muito distante e vivenciados por muitos que ainda estão no mundo dos vivos.
Quando o país vivia mergulhado nas sombras de um regime ditatorial, logo após aquelas escaramuças de 1964, dizia-se que os problemas seriam bem resolvidos quando do retorno da democracia; esquecia-se das confusões que tiveram início com a intempestiva renúncia do histriônico Jânio Quadros, em 1961, e, em seguida, a queda de João Goulart no início de abril de 1964, com a tomada do poder pelos militares que, diga-se de passagem, muito fizeram pelo país mormente quando se analisa fatos ocorridos décadas atrás, sem as emoções do momento. Os militares ficaram no poder de 1964 até 1985, com desenvolvimento econômico considerável, ordem na casa tendo apenas, como nódoa, a meu ver, o problema da tortura, que não teve, registre-se, a mesma magnitude do que ocorreu em outros países, a exemplo da vizinha Argentina. Muita coisa foi feita mas os inúmeros problemas deste gigante Brasil continuavam e foi-se em busca de um novo “bode expiatório”, logo aparecendo a falta de eleições diretas como causadora do entrave no desenvolvimento do país; as eleições diretas, em todos os níveis, reapareceram mas, ainda estava faltando alguma coisa muito importante que freava o nosso desenvolvimento; faltava uma assembleia nacional constituinte e o bravo Ulysses Guimarães não se cansava de repetir da necessidade de uma assembleia constituinte e uma nova carta magna; finalmente, outubro de 1988, eis a tão esperada nova constituição e, para muitos, os problemas estariam todos resolvidos.
No momento, encontra-se o mundo da política paralisado enquanto não se resolver esse problema do rombo da previdência social; segundo dizem os que estão no poder, ou se faz uma reforma da previdência ou o país “quebrará”. Os técnicos afirmam que a reforma, sendo aprovada segundo o texto elaborado pelo governo e enviado ao congresso nacional, proporcionará ao governo, dentro de 10 anos, uma economia de mais de um trilhão de reais e a aposentadoria estará garantida para todos os que têm direito. O texto oriundo do governo já sofreu algumas modificações nas comissões da Câmara e já se ouve falar numa economia, não mais de um trilhão mas algo em torno de oitocentos a novecentos bilhões; a reforma já passou pelas comissões competentes e será debatida, pelo plenário da Câmara, em duas sessões; o governo afirma que terá os votos necessários para a sua aprovação, lembrando-se, ainda, que terá que passar pelo crivo dos senadores.
É um assunto espinhoso, impopular e que outros governos discutiram mas não tiveram a coragem de enfrentar; o então presidente Michel Temer até que tentou mas desistiu diante da gritaria e da certeza que perderia no Congresso.
Diante disso tudo, fica a pergunta: essa reforma mudará o país e promoverá o desenvolvimento econômico, como se deseja? Serão necessárias outras reformas, para se colocar o país nos eixos? Será que os homens e mulheres que compõem Congresso Nacional estão, realmente, preocupados com os reais problemas da nação?
O tempo responderá.