Veja bem, meu amado leitor: todos nós podemos e temos plena capacidade de amadurecimento. Isso é inato à vida! Uma maçã, bonitinha lá no seu pé de planta, tem como única motivação passar de verde para madura, sem que isso perpasse por um movimento muito complexo de consciência. Convenhamos, não é mesmo? Já nós, seres humanos, carregamos a capacidade do movimento de potência ao ato. Respira aí que eu vou organizar esse baba, deixa só eu tomar um golinho de água.
Então, a gente possui um conjunto de possibilidades: tudo que a gente deseja, sonha, almeja, planeja é uma potência de realização, pode existir; e a passagem do estágio de poder para o ato de acontecer é regida pelo movimento que, por sua vez, acontece sempre por meio de uma decisão. Quando a gente decide realizar algo, tornar aquilo concreto, uma potência que já existia é atualizada; mas aí é necessário ter consciência e poder de escolha, assumir a responsabilidade.
A causa final do ser humano é ser aquilo que ainda não se é, mas tem capacidade para ser. Eu costumo dizer que a vida tem uma sabedoria soberana, sabe? Ela conhece o nosso potencial e ela provê as condições necessárias para que a gente se desenvolva e viva a nossa vida na máxima potência. E aí eu te pergunto, meu amado ser que lê estas linhas aí do outro lado: para você, o que é viver a vida em máxima potência?
Repare que a gente tende para o Bem, para a Verdade e a gente busca tudo isso. O nosso bem mais nobre é a consciência, a capacidade de discernir, a razão que categoriza, a emoção que envolve, a noção de futuro e a presença no presente. A nossa consciência, a nossa inteligência precisa se voltar para a perfeição, mirar a perfeição – mesmo sabendo que nunca iremos atingi-la, o que conta aqui é o quê? Isso mesmo, o movimento!
Pense cá comigo: o que nos movimenta, diariamente, a acordar e ir para a vida não é a possibilidade de fazer algo melhor? Ser melhor? Amar mais, servir mais, tonificar ainda mais a nossa personalidade, fortalecer os nossos laços afetivos, construir um legado mais compatível com as virtudes. Não é? Observe que uma pessoa que não está pautada nessas diretrizes tem todos os indicativos de uma vida vazia, beirando até a ingratidão com a vida e toda a sua potencialidade.
Mas aqui neste ponto entra uma questão muito importante, meu caro: o homem é livre! Ele pode escolher e fazer o que quiser, é dono das suas ações e pode, perfeitamente, até mesmo escolher viver abaixo do que lhe é destinado; é o que eu chamo de viver aquém da vida. A gente se sabota demais, meu amado leitor! Temos medo da nossa luz, do nosso poder, da nossa capacidade de voo; nos apegamos ao sofrimento e à ignorância, tomamos chá das cinco com bolinho em companhia da reclamação. A gente ama reclamar que a vida não está boa, que é difícil, que é desafiadora, que só quer lascar em banda com a gente. Mas eu volto ao ponto da sabedoria soberana da vida, lembra que falei lá em cima? O que ela quer da gente é força de transformação!
A vida nos sacode para que a gente se movimente. Ela quer que a gente confie nela e em nós também. Alguma verdade precisamos conhecer, algo concreto precisamos criar, algum vínculo precisamos estreitar – ninguém é uma ilha e muito menos é autossuficiente. É uma ignorância e imprudência pensar dessa maneira.
Precisamos nos aperfeiçoar, chegar até o fim das nossas capacidades, nos construir em torno do bem. E esse bem se realiza pelas ações; nós somos conhecidos de acordo com as virtudes e vícios que a gente carrega. É preciso decidir estar nesse movimento de transformação.
Decidir nos tornar o que viemos para ser.