As últimas pesquisas de intenções de voto apontam o reforço da fidelidade do eleitorado de Jair Bolsonaro, o que garante a ida do presidenciável do PSL para o segundo turno.
Não acredito em uma vitória do militar logo no primeiro round, como apregoam os bolsonaristas mais otimistas, principalmente depois da facada no candidato, que terminou colhendo o que plantou: a política do ódio e do preconceito.
E quem seria o adversário de Bolsonaro na segunda etapa eleitoral? Por enquanto, entre Ciro Gomes, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, a situação mais complicada é a da ex-ministra do Meio Ambiente do então governo Lula, que a cada consulta perde força.
Alckmin precisa melhorar seu desempenho em São Paulo. Sua pontuação, para quem governou o Estado por três vezes, é ruim. É só comparar com Ciro Gomes em relação ao Ceará, sendo que o candidato do PDT foi governador por apenas um mandato.
Um duelo entre Bolsonaro e Alckmin é muito difícil. O tucano, mesmo com um invejável tempo no horário eleitoral, não empolga, o que leva a consolidação de que é mesmo um “picolé de chuchu”, como dizem seus adversários paulistas.
E Fernando Haddad, o “poste” de Lula, uma espécie de Dilma Rousseff? A pior notícia para o ex-prefeito de São Paulo é que a transferência de votos de Lula tende a se estabilizar. Ou seja, o ex-presidente tem seu limite como cabo eleitoral.
E aí cabe uma pertinente e tempestiva pergunta: Será que Haddad vai fazer sua parte, conquistando uma parcela do eleitorado com seu próprio desempenho? É bom lembrar que Haddad, como prefeito de São Paulo, foi considerado um dos piores do Brasil. No cargo, não conseguiu se reeleger, perdendo no primeiro turno. Obteve apenas irrisórios 16%.
E Ciro Gomes? Tem que torcer para duas coisas: 1) que o poder de Lula na transferência de votos para Haddad se esgote, alcance um limite e ponto final. 2) que o voto útil de quem não quer Bolsonaro na presidência seja para o candidato que tenha mais condições de derrotá-lo no segundo round.
Todas as pesquisas mostram que Ciro é o adversário mais difícil para Bolsonaro. A torcida no staff bolsonarista é por Haddad, considerado como um concorrente fácil de ser abatido, não só pelo enraizado antipetismo, como pelo próprio Haddad, que, quando comparado a Ciro, é uma festa, um alívio, uma comemoração antecipada.
Eu acredito em um segundo turno entre Bolsonaro e Ciro Gomes. Até lá o deputado carioca já estaria recuperado para os debates, a grande preocupação dos marqueteiros, que sabem das graves limitações do seu cliente.
O que me deixa espantado nessa eleição presidencial é o fato de uma fatia considerável do eleitorado dizer que Ciro Gomes é o mais preparado dos candidatos, mas não vota nele. Tem até os que comungam com a opinião de que o ex-governador do Ceará é o único que pode tirar o país da inominável crise.
No mais, é esperar as próximas pesquisas, de olho se realmente o poder de transferência de votos de Lula para Haddad continua ou não.
A facada
Não vejo como muitos pensam em relação aos indecisos diante da brutal e injustificável violência contra o presidenciável Jair Bolsonaro, primeiro colocado nas pesquisas de intenções de voto.
Não vejo essa comoção, que não é boa conselheira, mudar o cenário político ao ponto de Bolsonaro liquidar a fatura logo na primeira etapa eleitoral, como acreditam os bolsonaristas mais otimistas e eufóricos.
É bom dizer que nada justifica a violência no processo político. Vivemos em um Estado democrático de direito, que tem como escopo o respeito à liberdade do cidadão-eleitor-contribuinte de escolher seus representantes nos Poderes Executivo e Legislativo.
Combater a violência com violência, pregando que cada brasileiro e brasileira tenham sua arma, é a coisa mais ridícula, imbecil, desumana, inaceitável, irresponsável, burra e idiota que pode existir.
Converso com muitos eleitores que ainda não sabem em quem votar. A maioria esmagadora está perplexa, indignada com o fato de Bolsonaro, mesmo acamado, tirar uma foto fazendo gesto de arma e autorizar seu envio para as redes sociais.
Com a brutalidade da facada, esperava-se uma reflexão do candidato, pelos menos uma pausa para as orações, para um pedido de melhora a Deus. Não foi o que aconteceu. Mesmo hospitalizado, Bolsonaro continua pregando e fazendo apologia à violência.
Um candidato que prioriza a discussão sobre armamento em detrimento de propostas para a educação, não pode assumir o comando de um país.
Vox, PT e o voto útil
A pesquisa do Vox Populi, realizada entre 7 e 11 de setembro, diz que Haddad, o “poste” de Lula, já passou Bolsonaro: 22% versus 18%. Ciro registra 10%, Marina 5% e Alckmin 4%.
Esse instituto é ligado ao Brasil 247, uma espécie de meio de comunicação a serviço do PT. O problema é que nem os próprios petistas estão acreditando na enquete.
Outro detalhe é que o Vox faz simulações de segundo turno, mas deixa de fora uma disputa entre Haddad e Ciro, já que o pedetista ganharia facilmente do petista.
O petismo quer passar para o eleitorado de esquerda e centro-esquerda que Haddad é quem pode evitar um confronto entre Bolsonaro e Alckmin, dois representantes do campo da direita.
A próxima pesquisa vai colocar Alckmin em empate técnico ou na frente de Ciro. A intenção é puxar o voto útil da chamada esquerda para Haddad, incluindo aí o eleitorado de Marina.
Concluo dizendo que alguns institutos, em troca de favores e outras coisitas mais, vão terminar desacreditados e ridicularizados pela opinião pública.
PS– A pesquisa do Vox Populi é divulgada na véspera do ato de apoio de quatro das cinco maiores centrais sindicais ao candidato Ciro Gomes: Força, UGT, CSB e a Nova Central.