COLUNA DE MARIANA BENEDITO – Onde a mudança começa?


"Iniciar o processo de autoconhecimento é passar por uma mudança profunda de paradigma"


 

“Seja a mudança que você quer ver no mundo.”

Essa é uma das frases de Gandhi que mais ressoam em mim. A gente pensa demais em mudar o mundo, em fazer a diferença, em algo grandioso, em missão, em propósito, em chamado – aspectos que são valiosíssimos, com certeza – mas, muito embora a ação direcionada tenha a sua importância, eu acredito que o grande diferencial mesmo seja a forma como estamos no mundo.

Pode parecer bastante clichê – e até seja mesmo – mas repare como o fato de estarmos em paz com a gente mesmo já faz a diferença. Quando uma pessoa está decidida a depositar toda a sua energia em estabelecer uma briga, um desconforto, uma irritação, uma provocação e a gente, em resposta, age de forma totalmente oposta àquela que esperavam que a gente tivesse e não aceita a provocação, já é uma diferença. Estamos fazendo a diferença, porque existe gente demais pronta para o ataque nesse mundão de Deus. Perceba como isso desestabiliza quem estava armado e pronto para o combate. Faça o teste!

Quando nos predispomos a assumir a responsabilidade de saber onde estamos na nossa própria jornada e o que queremos deixar de legado verdadeiro no final de toda essa história, a gente entra em harmonia com quem a gente é e passa a vibrar em consonância com o que deseja. Porque o contrário disso é nada mais, nada menos do que hipocrisia, quando a gente prega e fala sem viver o que diz. E se permitir estar consciente das nossas falhas, dos nossos erros, das nossas limitações já é a mudança na prática, porque deixamos de manter o dedo em riste e passamos a ocupar o nosso tempo com as nossas próprias questões e demandas.

Iniciar o processo de autoconhecimento, de auto-observação, de colocar o pé no freio, para tirar a direção do piloto automático e rever o que nos move e impulsiona, é passar por uma mudança profunda de paradigma. E tudo isso reverbera nas nossas relações, na forma como enxergamos o mundo e tudo que está ao nosso redor. Passamos a ser tijolinhos na construção da mudança. É desconstruir para reconstruir.

Que nem John Lennon, em sua música Imagine, eu também sonho com um mundo em que as pessoas parem tanto de olhar para fora, para os defeitos alheios, para a vida alheia e deixem de ser massa de manobra para ser fundição na construção da mudança. Imagine cada pessoa desse planeta chamado Terra se disponibilizando a ser mudança, a estar mais presente, a reconhecer e identificar porque age e reage da forma que age e reage, contribuindo nessa grande construção?

A disposição a cumprir essa jornada de autopercepção já é, em si, suficiente.

As ações positivas surgem naturalmente como o mar, que não tem outro caminho a não ser se tornar oceano.

Que sejamos a mudança. A cada interação, a cada pessoa, a cada situação. Olhando para dentro de nós e relembrando sempre que a mudança começa aqui, agora.

Em mim.

 

– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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