A forma como a gente se comunica é determinante para uma vida mais harmoniosa. Se pudéssemos observar a quantidade de energia que gastamos para deixar clara uma ideia, defender um ponto de vista com agressividade! Além de parecer que não estamos sendo ouvidos, vivemos em conflito constante, em pé de guerra por qualquer coisa e uma pequena discussão já é motivo para desencadear a Terceira Guerra Mundial. E o fato é: quando não estamos satisfeitos com as nossas relações, sejam elas dentro de nossa casa, com nossa família, com amigos, colegas de trabalho e nos relacionamentos amorosos,precisamos modificar alguma coisa. Reclamar que nada dá certo, que o Universo conspira contra e manter os mesmos comportamentos agressivos e violentos, lamento te informar, querido amigo, não vai trazer nenhum resultado.
A comunicação não-violenta é uma técnica criada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg e serve de base na resolução de conflitos em todo o redor do mundo. Mas, amado leitor, trataremos aqui da prática do método comunicativo em nosso cotidiano, nas menores situações. E, antes de qualquer coisa, precisamos esclarecer que a comunicação não-violenta não é falar manso, baixo, pausado, abaixar a cabeça ou evitar que opiniões divergentes surjam. Exatamente em momentos de conflito, temos a tendência de polarizar as coisas. Costumamos usar muito o julgamento, a ameaça, a agressividade, a ofensa… e o objetivo da comunicação não-violenta é justamente ouvir e reconhecer o que faz sentido, observar a situação e as pessoas envolvidas; se escolhemos acusar, julgar, culpar ou se escolhemos falar o que sentimos, pensamos, queremos de uma maneira mais neutra, sem a carga do se fazer de vítima ou de ser o dono da verdade absoluta ou aquele que tudo julga e acusa. Estar no papel de observador, sem julgamentos. Com clareza na forma como nos comunicamos. Com isso, estamos assumindo o controle de nossa vida, de nossas opiniões, daquilo que dizemos. Porque dizemos com presença e consciência.
Precisamos estar atentos quando a fala é agressão. Ser honesto e sincero não nos dá o direito de dizer tudo que pensamos. Isso me faz lembrar aquela história das três peneiras de Sócrates: o que queremos tanto dizer é verdade? É bondoso, ajuda a construir ou destruir o caminho, imagem de alguém? É realmente necessário? Convém contar, resolve alguma coisa? Ajuda a humanidade, pode melhorar o planeta? A franqueza pode ser algo prejudicial, a verdade não tira o caráter agressivo e grosseiro de uma afirmação. Muito pelo contrário. Aumenta, acentua, sobressai!
A verdade – e tudo aquilo que desejamos comunicar – pode ser dito de um ponto de mais leveza, sensibilidade, empatia. Menos julgamento, mais capacidade de expressar sentimentos, opiniões, pensamentos de maneira presente, compassiva.
A questão, acredito eu, é colocar amorosidade em tudo que se diz e faz. Não sabemos o contexto, momento de vida, sentimentos, vivência daquele que ouve o que dizemos; então por que não simplesmente nos comunicarmos nos colocando no lugar do outro?
Empatia, compaixão e amorosidade no que dizemos, expressamos e comunicamos. Essa é a egrégora que cria harmonia!
* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
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