Deixa brilhar!


Mariana Benedito*: “é comum a gente se interessar sobre reconhecimento das sombras; mas e a luz?”


 

 

Somos feitos de luzes e sombras. Assim como tudo que há nesse Universo. Opostos, contrastes, complementos. Dia e noite. Alto e baixo. Branco e preto. Sol e Lua. E, meu amado leitor, para te lembrar que as sombras fazem parte da perspectiva de qualquer coisa, gosto bastante da analogia de que se colocarmos todo e qualquer objeto em direção à luz, instantaneamente o que se forma é a sombra. Sem mistérios, sem absurdos. Tudo dentro da normalidade, desde que o mundo é mundo. Mas, repare, por que exploramos e sobrepomos mais as nossas sombras do que a nossa luz?

Quando falamos em autoconhecimento, espiritualidade, terapia e todo esse universo de busca por entendimento da mente e comportamentos humanos, é muito comum a gente ouvir, ler e se interessar sobre a integração, aceitação, reconhecimento das sombras; mas e a luz? E a afirmação, reconhecimento e incorporação dos nossos aspectos positivos? É importante, sim, a gente falar sobre a importância de se observar e tentar se pegar no pulo do gato, no instante do julgamento, no momento em que projetamos no outro nossa sombra; mas penso que é importante também reconhecermos a caminhada, o que aprendemos, o que já melhoramos. Assumir que temos qualidades, virtudes, comportamentos benéficos; até porque ninguém – absolutamente ninguém – é puramente composto por sombras. Todos nós somos duais!

A busca aqui é pelo equilíbrio. Um comportamento bastante comum para quem inicia na caminhada do autoconhecimento é se fixar somente nos aspectos negativos. É botar na cabeça que tem milhares de defeitos que precisam sem modificados, melhorados, transformados. E, nesse meio, esquecer de olhar para o que tem de mais bonito, para o potencial, para as milhares de qualidades que possui. É muito fácil perceber esse movimento dentro de nós: se eu te pedisse, meu amado ser que me lê aí neste instante, para listar cinco defeitos seus, acredito que você prontamente pensaria – e é bem capaz de responder: “só cinco?!”. Mas se eu te pedisse para listar cinco qualidades, verdadeiras – nada de aspectos genéricos como simpático, esforçado e dedicado – mas qualidades únicas suas, verdadeiras joias e talentos que você possui, e aí? A coisa emperra, não é mesmo?

Existe um discurso de Nelson Mandela, o mais importante líder do movimento negro e Nobel da Paz, que diz que é a nossa luz, não nossa escuridão o que mais nos assusta. A simples possibilidade de descobrirmos a imensa capacidade que temos de criação, movimento, mudança pode nos deixar em pânico! Nos sabotamos. Sabotamos o talento, o dom, a virtude. Abandonamos nós mesmos constantemente por meio de um profundo, intenso e carrasco diálogo interno totalmente baseado na falta de confiança, na insegurança, na autodepreciação. As vozes que soam dentro de nossa cabeça dizendo que o que fazemos não é bom o suficiente. É muito grandioso. É pequeno demais. É muito fácil, qualquer um faz. É difícil demais, não tenho capacidade. E vamos vivendo uma vida baseada no medo. De quê?

Medo de brilhar. Medo de manifestar a nossa expressão mais pura, nossa criatividade, a liberdade de ser quem somos, nossa opinião, nossa verdade. Ao nos abrirmos e permitirmos que nossa luz brilhe, incentivamos o outro a também brilhar, mostramos que é possível.

Cada um de nós tem um talento, um dom, uma característica que pode – e precisa – ser manifestada e emitida para o mundo.

Portanto, brilhe! O seu brilho motiva e impulsiona o meu.

Brilhe! Por nós.

 

– Psicanalista, terapeuta e especialista em Marketing

Instagram: @maribenedito