Pode parecer um certo exagero falarmos em eleições e futuro quando ainda está distante a data do pleito que poderá mudar o destino do país. Acompanho o processo eleitoral desde a adolescência, participei de algumas delas e hoje, passado tanto tempo e com mais experiência que a vida tem me proporcionado, não sou tão otimista para acreditar que teremos grandes mudanças simplesmente com a troca de dirigentes; é bem verdade que, sem eleições, é que não teremos mudança alguma. Lembro-me bem que nos anos oitenta, a salvação do país estaria nas “Diretas Já” e eleições diretas para todos os níveis; pois bem, conquistamos tudo isso e pergunto: houve tais mudanças e o que se pleiteava foi conseguido?
Estou com a revista VEJA nas mãos, penúltima edição, que aborda a cata de votos, pelos candidatos, da população mais carente do país. A reportagem mostra que 53% dos eleitores, cerca de 82 milhões de pessoas, têm renda mensal de até dois salários mínimos. O auxílio Brasil, que já começou a ser distribuído, vai beneficiar 20,2 milhões de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza e a maioria se encontra no nordeste; a fome, segundo a revista, atinge 33 milhões de brasileiros e 55% dos eleitores têm renda mensal de até 02 salários mínimos; metade da população não come carne sem a ajuda do governo e há 23 milhões de pessoas vivendo com menos de 7 reais por dia.
Há qualquer coisa de errado na avaliação do nosso Brasil; ouve-se que precisamos de mais recursos para a educação quando os gastos destinados às escolas é um dos maiores entre as nações desenvolvidas; não parece que precisamos de mais escolas, mas sim, da boa aplicação dos recursos existentes; de estudantes que queiram estudar e de professores que queiram ensinar. A saúde e a educação são as maiores vítimas de desvio do dinheiro público; veja-se o que veio à tona durante a pandemia.
Mas o país tem muita coisa boa que deu certo e está compensando as coisas erradas. O agronegócio é a nossa principal e mais vistosa vitrine do progresso do país, mormente depois da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, criada em 1973, cujas pesquisas colocaram o Brasil como um celeiro do mundo, acompanhando os passos de Norman Borlaug que, com sua “revolução verde”, em 1960, mexeu com a agricultura e a pecuária praticamente no mundo todo, mudando a feição de muitos países onde a fome existia, mas a sua população não sabia como manejar os recursos existentes. Há alguns dias, nas páginas deste jornal, noticiei que o agronegócio, no presente ano, dará ao nosso país dividendos que alcançarão 1,2 trilhão de reais. O avanço da agricultura em nosso país não tem deixado de lado as questões ambientais e está de olho nas queimadas, no lençol freático, no desequilíbrio ecológico e nas pragas, sempre à procura do tão almejado desenvolvimento sustentável.
É preciso que os candidatos que estão à cata do precioso voto conheçam bem a história do Brasil para não falarem “bobagens”, citando estatísticas que não são verdadeiras. O nosso desenvolvimento aumentará com investimentos, na educação, trabalho e combate duro à corrupção, para que não se vejam novos escândalos como os que foram bem esmiuçados pela operação Lata-Jato, cujos resultados foram diferentes do que as pessoas sérias deste país esperavam.