No próximo domingo vindouro, os eleitores brasileiros estarão comparecendo às urnas para a escolha da classe política que ditará os destinos do país nos próximos quatro anos. Desde os 10 anos que comecei a acompanhar o embate eleitoral, numa época em que os comícios constituíam a atividade mais importante nessa fase, quando o eleitorado gostava de ouvir os bons oradores, que aproveitavam a oportunidade para conquistar o voto, fazendo uso da oratória que encantava boa parte da plateia.
Lembro-me bem das eleições de 1950, quando fui levado por meu pai e por um tio até a sede do comitê da União Democrática Nacional (UDN), que ficava na então rua da Lama, numa sala bem em frente à Farmácia São José, para ajudar na colocação das cédulas nos envelopes contendo os nomes dos candidatos, envelope que era depositado nas urnas; cada envelope tinha as cédulas dos candidatos a presidente, a governador, a senador, a deputado federal, a deputado estadual, a prefeito e a vereador. Evidente que, nos comitês do Partido Social Democrático (PSD), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e outros partidos menores também se desenvolvia o mesmo trabalho, com a colocação das cédulas nos envelopes. Tal como todas as eleições, aquela foi também muito disputada, principalmente no embate Getúlio X Brigadeiro Eduardo Gomes, que terminou com a eleição do Getúlio que, quatro anos mais tarde, tiraria a própria vida com um tiro no coração.
Em 1955 novas eleições, surgindo no panorama político nacional Juscelino Kubitschek, eleito presidente por uma aliança partidária, à frente o PSD, quando o Brasil teve uma fase das mais tranquilas, com a alegria retornando ao semblante da maioria das pessoas apesar das “brigas” políticas, lugar comum nessa atividade complexa. No parlamento, entrou para a história o debate verbal entre o líder do governo de Juscelino, o baiano Vieira de Melo e o virulento jornalista Carlos Lacerda, um dos responsáveis pelo “massacre”, na imprensa, do Getúlio.
Em 1958, novas eleições, quando se abandonou as cédulas individuais e eleitor passou a marcar, na cédula única, com um X no quadrado ao lado do nome do candidato. Já foi outro avanço no processo eleitoral.
No início dos anos sessenta surgiu, como um meteoro, o Jânio Quadros que, numa carreira rápida e brilhante foi de vereador a presidente da República; tomou posse, como presidente da República no início de 1961, mas em agosto do mesmo ano, bem ao seu estilo, renunciou ao cargo, desencadeando nova crise política que acabou redundando na deposição do vice João Goulart, em 1964.
De crise em crise, chegamos ao atual quadro político e já estamos às portas das eleições; nem cédulas individuais com nomes dos candidatos, nem cédula única, mas com o voto eletrônico, que muita confusão tem causado. A mulher só passou a ter direito a voto a partir de 1934 e por aí o leitor já vê como tem sido a evolução da nossa história política. A mulher não só tem direito a voto como muitas se apresentam a candidatas e uma, inclusive, já chegou à presidência da república.
O povo gosta de votar, embora alguns o façam resmungando, mas esses que dizem abominar a política participam das discussões e bem que gostariam de um “empreguinho público”, que ninguém é de ferro.
Estamos na vigência de uma plena democracia e as chamadas instituições estão todas funcionando; se não funcionam bem, a culpa não é delas, as instituições, mas dos seus operadores. De voto em voto, de eleição em eleição, vamos aprimorando a nossa sociedade.
Que o Criador ilumine a mente dos eleitores e dos candidatos.