Que saudade, meu amado leitor! É um prazer imenso retomar a nossa coluna, agora com a percepção ainda mais apurada e o senso das coisas duráveis e que perduram muito mais aguçado.
Se você não sabe, eu agora sou mãe. Maria Flor é uma bebezinha de oito meses super esperta, curiosa, carinhosa; e ser mãe me provocou uma mudança estranha. É, estranha. É como se o eixo da minha órbita tivesse mudado, sabe? Eu comecei a dimensionar algo mais elevado para estar viva, minha vida não é mais autocentrada.
Ao passo que a vida ganha um novo paradigma, o que eu pretendo deixar nela e com ela também ganha. Acompanhe aqui meu raciocínio, pegue sua xícara de chá ou café e venha. Chega um momento da nossa vida que a gente se confronta com a verdade por trás de cada escolha que faz. Eu te pergunto, meu amado leitor: a sua vida foi pautada em decisões e escolhas suas ou você foi seguindo os meros acontecimentos da vida? Em determinado momento não dá mais para fugir de buscar um sentido maior, um fundamento, uma base sólida que justifique a vida que a gente levou até aqui e a vida que a gente quer viver daqui pra frente.
E mesmo que a gente chegue à percepção de que viveu uma vida bacana, com valores e de sucesso, qual a validade existencial de tudo isso? Por que você fez o que você fez? Por quais razões tomou os caminhos que tomou? O que te motivou a agir como você agiu? Olhando para o passado, a gente vai avaliar se errou, se acertou, se titubeou, se teve clareza, força, coragem. E, mais importante, após esse exame de passado, a gente escolhe se muda ou mantém. Essa é questão! É aqui que se encontra o tesouro!
E aí agora? Qual é a sua verdade? O que você vai construir a partir daqui, qual legado você vai deixar? Talvez nesse momento de detetive da própria vida surja um incômodo estranho ao perceber que você não foi o que gostaria de ter sido, não amou o tanto que gostaria de ter amado, não se entregou o quanto gostaria, não serviu o quanto deveria, não foi fiel o quanto as pessoas que você ama esperavam de você. E, esse incômodo surgiu, que bom! É uma amostra de que há o que ser feito. É a vida conclamando que você seja aquilo que veio para ser na máxima potência!
A partir deste ponto, tudo é encarado com uma seriedade diferente, um compromisso que vem de mãos dadas com o Amor, sabe? O Amor resgata, transforma, desperta, sacode, cura!
Tudo fica aqui, a morte desfaz tudo. Nada é levado para o outro lado, caixão não tem gaveta, não é? Só o Amor dura. Agora é o sentido das coisas que importa, não mais o valor material da ação realizada; agora a busca é pelo sentido que nos transcende.
E aí agora? O que você faz com tudo isso?
A maternidade me trouxe ainda mais viva essa dimensão de legado, de rastro, de bagagem, de história. Como eu desejo que a minha filha fale sobre mim? Quais sentimentos eu desejo alimentar em seu coração? Como eu quero decorar a casa que ela vai abrir para mim em seu coração?
Essas perguntas valem para você também, meu amado ser que agora lê essas linhas. O que as pessoas irão dizer sobre você? Ou melhor, você está vivendo a sua verdade a tal ponto que ela frutifique nos corações das pessoas que você ama?
E aí agora?
– Psicanalista, terapeuta e especialista em Marketing
Instagram: @maribenedito