O último dia primeiro marcou, não somente o início de um novo ano, mas também, as posses de prefeitos e vereadores, nos mais de 5.500 municípios brasileiros. A crônica desses eventos e o que se observa, não nos deixa muito à vontade para vislumbrar um futuro mais risonho para as comunidades espalhadas na imensidão deste Brasil. É bom enfatizar que nós moramos no munícipio, que á célula administrativa da república e, se cada município fosse devidamente bem tratado, o país seria outro.
Não faz sentido haver solução de continuidade nos serviços básicos, como a coleta de lixo, por exemplo, por que houve alternância de governo; postos de saúde, que já não funcionavam bem, pioram pela falta de pessoal e de material de consumo; prefeitos que saem, deixam dívidas para os que estão entrando, sem o devido crédito para enfrentá-las; e olhe que temos mais de um milhão de leis, somando as federais, as estaduais e as municipais; se o país não funciona bem, não é por falta de leis.
Nos municípios onde ocorrem mudanças partidárias, cria-se uma situação de horror no seio do funcionalismo, pairando, no ar, uma espada de Dâmocles, ameaçando a demissão em massa, para dar lugar a outros, da corrente política do novo rei do pedaço. Os vereadores que foram eleitos, na maioria dos municípios brasileiros, estão efetivamente preocupados em arranjar vagas no executivo, para nomear parentes e amigos, que possam, regiamente, dividir o salário com eles. O passado recente, fartamente mostrado pelos meios de comunicação, nos tem apresentado esse quadro desolador, que macula a classe política.
Tivemos, no último domingo, alguns exemplos de pirotecnia, seduzindo boa parte do eleitorado, como, no mesmo dia da posse, desfazer uma obra do antecessor, ainda que essa obra merecesse reparo e não fosse acolhida pela maioria da população; mas precisaria ser feita a toque de caixa? Não poderia ser feita no dia seguinte? O prefeito eleito da maior cidade brasileira, no dia imediato à posse, posta-se vestido de gari, juntamente com o secretariado, empunha uma vassoura e finge varrer uma rua.
Fatos como esses e mais outros fazem lembrar-me do histriônico Jânio Quadros, figura meteórica na história política do país, no século passado, mestre nessas encenações que, ainda hoje, infelizmente, encantam e enrolam as massas; essas figuras são, eleitoralmente, imbatíveis e concorrem para demonstrar que a atividade política acaba não sendo uma coisa séria. Infelizmente.