Selem Rachid Asmar*
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Em relação a essa crise no País, há posições diferentes que, se não beiram a unanimidade, em suas causas podem se aproximar ao particularismo.
Claro que a maioria dos brasileiros estava insatisfeita com o “status quo” de meses atrás, quando a crise chegou a seu ponto mais agudo.
Seja por que via o País na rabeira de uma trintena d’outros, com indicadores sofríveis e constantes, seja por que via um futuro cada vez mais negro para si e suas famílias, seja pela perda pessoal de status e degradação do seu poder de compra, face ao custo de vida sempre crescente.
E não havia alternativa proposta por uma Presidente analfabeta na condução econômica e na governança de quem estava cada vez mais chegando ao fundo do poço.
Parecia que a gerentona de País não tomara consciência do estado calamitoso e degradante de onde chegara o “País do Futuro”.
Ao par disso, escândalos de bilhões eram acobertados por cegos aliados da gastança e da repartição da renda nacional, por políticas, empreiteiras e “cidadão de bem”.
Veio a tomada temporária do poder. Deu-se a queda da Presidente e há aqueles que acham que deveria se estender também a seu Vice.
Em todo caso, conspiração para que nada dê certo na economia (e na ladroagem) tem no outro prato da balança, aqueles que torcem por um sinal de novos tempos nesses dois e meio anos que restam na alternância do poder.
Pela Imprensa é fácil a leitura dos dois tipos de torcida.
Com a proximidade dos jogos olímpicos e o desfile interminável por cidades desse Brasilzão para passar a sede de arrecadação às coisas importantes, vitais até, ficam anestesiadas pelo circo, tática antiga sempre válida na prática.
Custo de Vida nas alturas e não vejo até quando a classe baixa – que escorregou do meio do “pau de sebo” – vai agüentar.
Dilma e Dunga têm mais semelhanças no fracasso que a porção gaúcha que os une.
O fiasco recente de nossa seleção ante o Peru dá bem a idéia da decadência de nosso futebol, diminuindo os truques da cartola de nossos políticos. Besta quem ainda tem esperanças em nosso futebol pátrio.
Mas, o brasileiro, quebrado, ainda continua alegre e a gente se pergunta: até quando? O frio está finalmente chegando, trazendo a noite e o cinza no colorido da paisagem, aconselhando o recolhimento de cada um, a introspecção e o desejo cada vez maior do sol em nossas vidas.
Se Deus é brasileiro, que ele não deixe cair a peteca, iluminando a cabeça de nossos comandantes e o destino desse País do futebol.
Tchau, Dilma! Tchau, Dunga!
- Selem Rachid Asmar é doutor em Sociologia pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião.