O DIA DO CAIXEIRO


João Otávio: “Como seria bom se pudéssemos retornar a esses momentos agradáveis”


 Na última segunda-feira, 19 de outubro, houve um feriado municipal antecipado, que deveria ocorrer no dia 30, com a comemoração do dia do comerciário ou dia do comércio.

A vibrante e operosa classe dos comerciários não tinha os direitos devidos até que no dia 29 de outubro de 1932, cerca de 5 mil comerciários se dirigiram até o palácio do Catete, sede do governo federal cuja capital à época situava-se no Rio de Janeiro, para pressionar o então presidente Getúlio Vargas a tomar algumas providências em benefício de uma classe que não tinha seus direitos reconhecidos; naquele mesmo dia, Getúlio assinou o decreto-lei de número 4042, criando, entre outros benefícios, a jornada diária de 8 horas, além do descanso remunerado aos domingos e outros benefícios; posteriormente, foi fixada a data de 30 de outubro como o dia do comerciário.

Quando menino, tanto aqui em Itabuna quanto na vila de Água Preta, hoje Uruçuca, sempre participei das festas e brincadeiras organizadas pelo sindicato dos comerciários e esse dia 30 de outubro também era conhecido como dia do caixeiro; além da parte cívica, rememorando as lutas e conquistas da classe comerciária, havia festas e competições esportivas que duravam todo o dia, envolvendo boa parte da população; é verdade que a cidade era menor, menos habitantes e isso facilitava uma maior integração entre os participantes; como disse acima, algumas vezes encontrava-me em Água Preta, após uma agradável viagem de trem, mesmo com a falta de conforto e enfrentando as fagulhas lançadas pela chaminé das locomotivas, as conhecidas “marias fumaça”.

Havia diversas competições atléticas, como corridas, salto em distância e algumas brincadeiras de mau gosto, como quem conseguiria comer um maior número de bananas ou ingerir um maior volume de cerveja ou refrigerante; para quem não gostava dessas brincadeiras, havia o lado musical, a dança de salão; também envolvia-se a gurizada em competições próprias da infância e adolescência.

Aqui na nossa Itabuna os festejos e as competições também eram frequentes e muito disputados e, além das atividades nas ruas e nos clubes, o velho campo da Desportiva, onde hoje situa-se o Centro Cultural Adonias Filho, era utilizado durante todo o dia, culminando com o torneio caixeral, com várias equipes que começavam a competição a partir das 8 da manhã, terminando ao final da tarde. No ano de 1961, convidado pelos meus alunos do Colégio Firmino Alves, participei da equipe que representava aquele educandário e saímos, ao final do dia, com o título de vice-campeões. Dois componentes dessa equipe ainda atuam na cidade, o José Japiassu de Almeida, ex-funcionário do Banco do Brasil e que comigo atuou na Câmara de Vereadores na legislatura 1993/1996 e Carlos Ataul de Andrade, meu companheiro de Rotary e atento observador e participante dos interesses da cidade.

Como seria bom se pudéssemos retornar a esses momentos agradáveis, numa época mais ingênua, sem violência e sem tanta ganância; deixo esses fatos para a reflexão dos leitores e, principalmente, para os dirigentes.