O RETORNO DO AEROPORTO



 

Algumas vezes já escrevi sobre o movimento aeroviário em nossa cidade, contando a sua história e a importância que teve o nosso aeroporto, principalmente nos anos cinquenta e sessenta. A pista não era asfaltada, as instalações para os passageiros eram acanhadas e sem qualquer conforto, mas a nossa cidade encontrava-se em conexão com os principais pontos do país; as aeronaves da Cruzeiro do Sul e da Real Aerovias, utilizando os antigos mas seguros DC-3 aqui desciam e daqui partiam e nunca houve um acidente com mortes, apesar da precariedade. Por ironia do destino ou que outro nome tenha, quando a pista foi asfaltada e foi construída uma confortável estação para os passageiros, eis que o aeroporto foi desativado e ficamos inteiramente à mercê do aeroporto de Ilhéus.

Era intenso o movimento aeroviário em nossa cidade; uma aeronave da Varig, sucessora da Real Aerovias, pernoitava aqui e decolava para Salvador, diariamente, às 07:05 hs., às vezes descendo em Ilhéus para pegar passageiros e havia um retorno, de Salvador, por volta das 15:00 hs. Foi uma luta muito grande para a instalação do aeroporto, que recebeu o nome de Tertuliano Guedes de Pinho, em cujas terras foi construído. Em 1955, o então presidente da república Café Filho, pernoitou aqui, com sua comitiva, indo no dia seguinte para inaugurar a Usina de Paulo Afonso, grande anseio do povo nordestino; ano seguinte, desceu no nosso aeroporto a aeronave que trazia a equipe do Botafogo do Rio de Janeiro, com Garrincha, Nilton Santos e outros bambas, primeira equipe carioca a se apresentar no gramado do velho estádio da LIDA. Aos domingos, muitas pessoas iam ao aeroporto para assistir ao movimento das aeronaves.

Pois bem, isso tudo acabou justamente quando se asfaltou a pista e instalações condignas foram edificadas. Vez por outra um saudosista, como eu, lembra do aeroporto e alguns mais afoitos lançam-se pela sua reativação, principalmente pessoas ligadas ao Aeroclube de Itabuna, sempre sonhando com sua reativação.

É o que está acontecendo, agora, quando os tenazes componentes do Aeroclube de Itabuna acabam de receber, da Prefeitura, a concessão do aeródromo para o citado Aeroclube e já estão providenciando os trâmites legais junto a Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC). Providência diversas deverão ser tomadas para que o aeródromo possa voltar à sua utilização, evidentemente, recebendo aeronaves condizentes com a sua capacidade operacional já que não há condições para receber aeronaves de grande porte.

Vejo brilho nos olhos de Olívio quando fala sobre o aeroporto e mostra a documentação que será apresentada aos órgãos competentes; os verdadeiros itabunenses nunca aceitaram a desativação do nosso aeroporto, cuja pista passou a servir para auto-escola e outras destinações.

Esperamos que o ânimo não se arrefeça dessa turma briosa do Aeroclube de Itabuna e vejamos o nosso aeroporto, ou aeródromo, como querem alguns, funcionando. A cidade e a região agradecem.

 

João Otavio Macedo.