Logicamente que você está olhando para as letras que compõem esta coluna, meu amado leitor. Mas não é deste olhar que eu quero prosear com você hoje aqui. É sobre o olhar sobre a vida, as situações, os acontecimentos, os desafios, os aprendizados.
Todos nós somos compostos de luzes e sombras, qualidades e defeitos, dores e delícias, alegrias e aprendizados. E a vida, obviamente, é feita do mesmo modo. Passamos por momentos de desafios, dificuldades, obstáculos, medos, falhas, percalços. E passamos também por momentos de alegrias, fluidez, tranquilidade, harmonia, equilíbrio. Uma polaridade precisa da outra. Assim como tudo neste mundão. O dia existe porque existe a noite, o verão existe por conta do inverno, o sol por causa da chuva; e a gente consegue diferenciar e valorizar as dualidades justamente pela existência dos opostos.
Percebe? Repare se só existisse o sol. Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Eu, particularmente, sou solar. Amo o sol, o calor, o verão, o céu azul sem nenhuma nuvem. Dias assim me energizam, me dão entusiasmo, me motivam, sabe? Ia adorar sol vinte e quatro horas. Mas, meu amado ser que me lê aí do outro lado, todo excesso é prejudicial. Em algum momento a chuva e a noite serão mais que necessárias. E assim os movimentos do mundo e da vida são realizados. Nessa dança entre as polaridades, entre as dualidades, entre os polos.
Vinícius de Moraes já nos diz que o sofrimento é o intervalo entre duas felicidades. E eu te digo mais: a gente se fortalece, amadurece e evolui com os desafios, sofrimentos e dificuldades da vida. E é esse gostinho amargo de vez em quando que faz a gente saborear com gosto o doce que vem logo em seguida. E, meu caro, outro ponto importante quando falamos sobre dificuldades e dureza que enfrentamos ao longo da jornada nesse mundão: são realmente coisas que impedem a nossa caminhada ou é simplesmente a vida acontecendo para nos levar a patamares mais altos de percepção e amadurecimento? Hein?
A grande questão, meu amado leitor, é quando ficamos com o olhar preso nas dificuldades, no sofrimento, nas sombras. Mergulhamos e damos ouvido às vozes que gritam absurdos em nossa cabeça. Criamos mil quatrocentos e vinte e seis cenários, um mais caótico que o outro. Nos distanciamos do real, do que está posto e colocado agora, das oportunidades de mudança de perspectiva que uma situação desafiadora pode nos proporcionar e só miramos na derrocada, na queda, no não conseguir. E aí ficamos estáticos, sem nem ao menos tentar sair do lugar.
Quando fixamos o nosso olhar somente na dor, no sofrimento, no que não temos e no que nos falta, perdemos o tesão em admirar o que já conquistamos, o que e quem temos ao nosso lado; deixamos de enxergar a luz do sol e das possibilidades. Nos tornamos pessoas amargas, densas, negativas, reclamonas, que só enxergam o lado ruim das coisas. E aqui tratamos e falamos do real, ok? Não é a ideia também criar e viver no Fantástico Mundo de Bob em que tudo se resolve em um passe de mágica. Não!
É viver na realidade, sabendo que a vida é feita pelas nuances e dualidades, que a dureza existe, assim como existe também a leveza. É fazer a escolha de olhar para a vida com olhos de aprendiz, estar aberto aos ensinamentos e construção de valores que ela nos proporciona.
É olhar para a vida de peito aberto. De coração aberto. Caminhando por essa jornada com confiança e fé, dando os passos que precisam ser dados.
E você, meu amado leitor, para onde está olhando?
* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
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