A turma do Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, torce para que o dia 28 chegue logo, o mais rápido possível. Bom mesmo seria se a eleição fosse hoje.
Aquela tranquilidade, aquele “já ganhou”, não existe mais. Uma grande preocupação começa a tomar conta do staff bolsonariano, pelo menos em relação aos mais lúcidos.
A última pesquisa do Ibope mostra Bolsonaro caindo e Haddad crescendo, Bolsonaro aumentando sua rejeição e Haddad diminuindo. O sinal amarelo acendeu, em que pese a diferença ser ainda expressiva.
É de encabular como se comete tantos erros a poucos dias da eleição. O mais recente saiu da própria boca de Bolsonaro, quando chamou os movimentos sociais de “coitadismo”.
A sabedoria popular diria que estão dando sorte para o azar, menosprezando a “zebra”, obviamente Fernando Haddad, presidenciável do Partido dos Trabalhadores.
Já presenciei surpresas incríveis. As que mais me marcaram foram as viradas de Brizola ao governo do Rio e a de Jaques Wagner sobre Paulo Souto, liquidando a fatura no primeiro turno da disputa pelo Palácio de Ondina.
Como não bastasse o destempero do pai Jair Bolsonaro, dando declarações inoportunas, algumas até inacreditáveis, tem os filhos colocando pedras no caminho do “favoritismo” do capitão.
A prudência e sabedoria apontam dois indispensáveis conselhos para Bolsonaro: 1) boca fechada não entra mosquito. 2) o maior inimigo de uma campanha política é o “já ganhou”.
Pois é. O que se dava como favas contadas, uma vitória folgada de Bolsonaro, passa a ser uma incógnita, oxigenando a militância do adversário e empurrando-a para as ruas.
O sinal verde já foi. Agora o amarelo. Se continuarem fazendo o que não devem fazer em véspera de eleição, o vermelho vai acender, coincidentemente o vermelho do petismo.
O “vira-vira” do PT
As pesquisas que vão ser divulgadas na véspera da eleição servem para apontar a possibilidade ou não de uma virada de Haddad sobre Bolsonaro.
O Datafolha ainda é o instituto mais confiável, principalmente quando comparado com o Ibope, Paraná Pesquisas e outros. O Vox Populi é ligado ao PT e as centrais sindicais.
Esse “vira-vira”, entoado pelo partido e sua militância, é inerente a qualquer campanha cujo candidato esteja em segundo lugar. O PDT fez a mesma coisa com Ciro Gomes. Ou seja, o “vira-vira” sobre Haddad, com o pedetista disputando a segunda etapa eleitoral com Bolsonaro.
Que Haddad cresceu e Bolsonaro caiu, que a rejeição de Bolsonaro aumentou e a de Haddad diminuiu, ninguém tem nenhuma dúvida, até as freiras do convento das Carmelitas sabem.
A tristeza fica por conta de um segundo turno sendo disputado entre um candidato aconselhado a ficar calado para não falar besteira, e outro sem autonomia, que, se eleito, terá que consultar o ex-presidente Lula para nomear os ministros.
No mais, esperar os resultados das pesquisas. A boa notícia para Haddad seria uma frente de Bolsonaro abaixo de oito pontos percentuais. Do contrário, dificilmente conseguirá o “vira-vira”.
Que o perdedor do próximo domingo encare a derrota assentado na música do rei Roberto Carlos: “Se chorei, ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.
E viva a democracia!
A intuição de Eduardo
Segue abaixo, ipsis litteris, o presságio do saudoso jornalista Eduardo Anunciação em conversa com Fernando Gomes, atual prefeito de Itabuna.
“Fernando Gomes elegeu-se prefeito de Itabuna pela terceira vez em 1996. Venceu Davidson Magalhães e Renato Costa.
Na noite de 31 de dezembro de 96, véspera da posse, conversava com Fernando Gomes. Estávamos bebendo. Ele tinha o hábito de beber uísque e o vício do tabaco, enquanto eu o hábito da cerveja e o vício do cigarro. Naquele momento, taxativamente, opinei, disse. A seguir.
Fernando, seu adversário em 2000 chama-se Geraldo Simões. Este menino vai aprendendo assoviar política no escuro, tem agradabilidade e verborragia, não mais amedronta a classe média por ser do PT, como tem condições de eleger-se deputado federal e, elegendo-se, é candidato a prefeito.
Geraldo Simões, elegendo-se, tem possibilidades, condições de costurar uma aliança, chances de fechar um acordo político com Davidson Magalhães, Ubaldo Dantas, Renato Costa, veículos de comunicação e lideranças comunitárias. Nesta direção é seríssimo candidato a prefeito de Itabuna.
Amável leitor, atento leitor. Apresentei meus argumentos com espontaneidade, apresentei meus sentimentos com liberdade, apresentei minha opinião com sinceridade, amizade ao senhor Fernando Gomes. Testemunhas: Solange Cerqueira e Acles Dantas. Testemunhas vivíssimas, vivas. As inconfidências seguem.
Fernando Gomes sorriu, riu, riu, riu. Era a maneira dele de discordar deste soldado raso do jornalismo político deste planeta cacau, como a querer dizer: Geraldo Simões, Ubaldo Dantas, Davidson Magalhães e Renato Costa estão na enfermaria política, são trapos políticos. Fernando foi péssimo analista. Só tem sorte.
Saímos para jantar no Baby Beef. Deixei a conversa nas entrelinhas, deveras, extremamente preocupado com o retrato falado equivocado que o senhor Fernando Gomes fez da oposição. Era como se os oposicionistas não existissem para ele. Geraldo Simões foi eleito prefeito de Itabuna”.