Essa é, costumeiramente, minha resposta quando alguém me pergunta como estou: sussa na montanha-russa!
Eu vou te lembrar uma coisa muito importante, meu caro leitor: a vida não para! A única certeza que a gente tem abaixo deste céu é que nada é permanente. Cada milésimo de segundo que passa é um novo milésimo de segundo, é um novo momento, é uma nova vida, é uma nova oportunidade, é tudo novo. E a gente tem uma mania teimosa de querer controlar o tempo, de querer controlar o fluxo da vida. Fazemos mil e dois planos, queremos que a vida siga o caminho que a gente quer que ela siga e, sinto desapontá-lo, não é assim que o mundo gira e nem a banda toca. Obviamente que é importante a gente ter sonhos, objetivos, desejos, traçar metas e se empenhar em conquistar o que quer. Mas, amadíssimo ser que me lê aí do outro lado, é mais importante ainda a gente compreender que ter o controle de tudo não passa de uma mera ilusão.
Quantas vezes, me diga, você traçou o dia inteirinho: vou fazer isso, depois aquilo, depois vou para tal lugar, saio de lá x horas, depois chego em outro lugar e… parece que uma força misteriosa mudou totalmente seus planos? Aí nos vemos diante de duas opções: ou a gente se chateia, fica com raiva, esbravejando que nada dá certo na vida, ou a gente simplesmente entende e compreende e aceita que a vida tem o seu próprio ritmo. Tem uma imagem que circula na internet já faz algum tempo que mostra seis senhorinhas andando numa montanha-russa. As duas da primeira fileira estão altamente se divertindo com aquilo tudo: gargalhando, alegres, segurando – de maneira animadíssima – suas saias, que teimam em voar com todo aquele vento; outras duas senhoras na fileira do meio, sorrindo, admirando e se encantando com a forma livre e divertida como as duas da frente estão de comportando. E tem as duas senhoras da última fila, olhando tudo aquilo com cara de poucos amigos, zangadas e emburradas. E a legenda da foto é: “Você pode viver a vida como as da primeira fila, como as da segunda ou como as da terceira. A decisão é sua!” E é a mais pura verdade, viu?!
De que forma você quer se sentir na montanha-russa da vida? Você quer passar o resto de sua existência neste planeta achando tudo ruim, reclamando, apontando o dedo para todo mundo, achando que a vida é uma carrasca, porque nada dá certo para você; ou quer abrir os braços, aproveitar cada volta dessa viagem até a última gota? Eu sei que não é tão fácil. Ô, se sei. Mas a vida vai acontecendo dessa forma, ela vem com momentos de medo, frustração, perda, raiva, luto. Assim como vem também com momentos de alegria, paz, serenidade, centramento, leveza. O grande segredo de andar nessa montanha-russa é se manter aberto para a vida enquanto ela está acontecendo, ao invés de querer controlar tudo o tempo inteiro. Ou melhor, tentar controlar o incontrolável.
Agora, avalie. Imagine que você está, de fato, entrando em uma montanha-russa num parque de diversões. E você está se pelando de medo. As mãos começam a suar, você sente tudo que é tipo de calafrio e dor de barriga. O carrinho começa a subir e você fica se perguntando se a trava de segurança está bem firme, se a manutenção do parque está atualizada. O carrinho está subindo. Daí um barulho diferente surge e você fica desesperado olhando para as coisas lá embaixo, avaliando o tamanho da queda se o carrinho sair dos trilhos. E ele continua subindo. Você imagina os sites, jornais, blogues noticiando a tragédia no parque de diversões e seu nome escrito entre as vítimas. E o carrinho está subindo, subindo. Você chegou no ponto mais alto da montanha-russa, aquela paradinha antes do mergulho da descida. Desceendo! O carrinho está numa velocidade absurda e você está com os olhos fechados, agarrado com todas as forças à barra de segurança com seu corpo todo duro. Acabou. Você está vivo, são e salvo. Nada terrível aconteceu, nenhuma tragédia se instaurou, as manchetes não virão. Nada aconteceu. Absolutamente nada. A não ser o fato de que você não aproveitou nadinha dessa experiência massa.
Mas você pode ir de novo na montanha-russa e ter uma nova experiência. Você vai subindo, respirando fundo, confiando que tudo dá certo. E daí você desce, o carrinho voando, você com os braços abertos sentindo o vento daquele momento. Agora você está totalmente envolvido na experiência, entregue de corpo e alma, se sentindo vivo.
E então, sussa na montanha-russa?
– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
E-mail: [email protected]