Você mudou!


Mariana Benedito: "Se apegar às falhas, às dores, aos erros é deixar de viver"


Eu ouvi isso uma vez ao encontrar uma amiga da época de faculdade que não via há muito tempo. Éramos próximas e por situações variadas da vida, perdemos o contato e ficamos longos anos sem nos ver ou falar. Eis que, após quase dez anos, nos reencontramos e ao longo de alguns chás, cafés e pedaços de bolo ela me olhou profundamente nos olhos e me disse que eu havia mudado bastante.

Sorri e, internamente, agradeci a mim mesma, a Deus, à vida. Que bom que mudei! Que bom que não sou mais a mesma que sintonizava em perder tempo com coisas tão pequenas, em criticar e apontar falhas das pessoas, em me apoiar no muro das lamentações e culpar o mundo pelos meus infortúnios. Graças a Deus eu mudei!

Eu não sou mais a mesma, meu amado leitor. Você também não é. Ou pelo menos espera-se que não. Estamos o tempo inteiro em evolução, elevação, aperfeiçoamento, aprendizado Tem uma frase famosíssima do filósofo grego Heráclito que diz que uma pessoa não entra duas vezes no mesmo rio porque nele não são as mesmas águas e a gente também já se modificou. 

Se apegar ao passado, às mágoas, ao ressentimento, às dores, às faltas, às falhas, aos erros é deixar de viver. E nosso tempo é muito precioso. Uma coisa é aceitar o que é, o que foi. Aceitar que as coisas acontecem como precisam acontecer porque a vida é muito mais sábia que nós e sabe perfeitamente como nos mover para o Mais! Outra coisa é se amarrar no comodismo, na inércia, no vitimismo, na reclamação. É ficar que nem vaca ruminando coisa antiga, amargando o coração sem deixar ir.

Isso é perda de tempo. E tempo é vida!

O tempo que você fica se amarrando olhando para o que te falta é o tempo que você perde para construir o novo, para estar com quem ama, para viver, acumular memórias de afeto, para deixar um legado positivo quando você for embora deste espaço-tempo. E você nem sabe quando vai – ou quando quem você ama vai – então não perca tempo. Amanhã pode ser tarde. 

Eu não sou mais a mesma. E você também não. O outro lado da moeda é que nem tudo que foi apropriado, aceitável, permissível, tolerado ontem, não o é necessariamente hoje. A vida acontece! Nem tudo que você aceitava antes, precisa aceitar agora. Não precisa mais caber onde não te cabe, não precisa mais tolerar situações que te desrespeitam, te invalidam, te diminuem. Também não dá para querer que você agisse diferente antes; você tem a mentalidade que tem hoje, as percepções de hoje e a maturidade de hoje, justamente porque viveu o que viveu. Mas não precisa se agarrar às velhas histórias que sua cabeça conta.

Não é porque passou pelo que passou, que precisa passar novamente, não é? Pula de fase no joguinho, meu amado ser de luz que está aí lendo estas linhas do outro lado. 

Mudar é valioso. Ajustar as velas é necessário. 

A evolução do mundo e de todas as coisas se deu por meio de melhorias. E não é diferente com a gente. Qual seria o sentido de estarmos aqui, geração após geração, se fosse somente para repetir os padrões, os pensamentos, os erros, as faltas num grande eco sem fim? Estamos aqui para ser voz, e não eco. 

Aceitar que as coisas são como são e como precisam ser não significa assistir tudo de braços cruzados. Não significa ser de tal jeito e achar que esse é o ponto final, a obra final. 

Eu desejo que você se permita ser um grande rascunho, meu amado leitor. Que mude, se transforme, transmute e melhore.