PT, Otto e a sucessão de 2022  


“O senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, se articula para ser candidato a governador na sucessão de 2022”.


Nem bem findou as eleições de 2018, já vem Marco Wense com seus comentários direcionados para o futuro. É o que dizem alguns leitores quando faço uma projeção do que pode acontecer lá na frente.

Especular, conjecturar, pressupor, analisar o que passa pela cabeça dos políticos, suas estratégias para a próxima batalha eleitoral, é também missão do empolgante mundo do jornalismo político.

O processo político é assim. Termina uma eleição, já começa outra. Não há uma pausa para descanso. Como no direito, a política também não costuma socorrer os que dormem.

O senador Otto Alencar, dirigente-mor do PSD, está de olho na sucessão estadual de 2022, quando pretende ter o apoio do PT e de suas principais lideranças.

Nos bastidores, conversando com correligionários mais próximos, diz que espera a contrapartida do governador Rui Costa pelo esforço que fez para unir os prefeitos do PSD em torno da reeleição.

O problema é que uma parcela significativa do petismo, aquela que só olha para o próprio umbigo, adepta da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, não abre mão de candidatura própria.

O ex-governador Jaques Wagner, candidato ao senado da República, é o nome do PT para disputar o Palácio de Ondina no pleito de 2022, provavelmente enfrentando o prefeito ACM Neto (DEM).

Já tem até petista dizendo que não vai votar em Ângelo Coronel, companheiro de chapa de Wagner, porque sua eleição fortalece Otto Alencar. Coronel é do mesmo partido do senador, seu braço direito e esquerdo.

Aqui em Itabuna, na última sucessão municipal, o PT, quando sentiu a derrota de Geraldo Simões, começou a torcer por Fernando Gomes, então prefeiturável do Partido do Democratas (DEM).

O petismo tupiniquim dizia que a eleição do médico Antônio Mangabeira, do PDT, legenda da base aliada do governo Rui Costa, seria o enterro definitivo da possibilidade de retornar ao comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves.

O receio era Mangabeira ser um bom prefeito e, como consequência, quebrar o tabu da reeleição. Ou seja, de que nenhum gestor conseguiu o segundo mandato consecutivo.

Mangabeira, sem nenhuma coligação, com um tempo no horário eleitoral de 22 segundos, obteve quase 19 mil votos, sendo o segundo mais votado. É bom lembrar que enfrentou três ex-prefeitos: Fernando Gomes, Geraldo Simões e o Capitão Azevedo. Sem falar nas “raposas” Davidson Magalhães e Augusto Castro.

Como não bastassem os petistas, o Coronel tem também o boicote do PSB, até hoje inconformado com a defenestração da senadora Lídice da Mata na composição da majoritária.

A parlamentar socialista, depois de sua incansável luta contra o impeachment de Dilma Rousseff e da longa história de aliança com o PT, foi jogada na sarjeta sem dó e piedade.

Com todos esses obstáculos, o Coronel deve ficar de fora. A tendência é que as duas vagas para o senado sejam preenchidas por um nome da situação e da oposição, respectivamente Jaques Wagner e o tucano Jutahy Júnior.

Toda essa dependência política de Rui Costa com Otto Alencar se deu em decorrência de uma eventual candidatura de ACM Neto, que terminou jogando a toalha, deixando o oposicionismo a ver navios.

A eleição de 2022, caro leitor, já começou. É um olho no padre outro na missa, como diz a sabedoria popular.