Foi recentemente mostrado, pela televisão, o estado em que se encontra importantes rodovias do país contribuindo, negativamente, para o crescimento e o incentivo à produção. As dimensões continentais do nosso Brasil exigem, dos governantes, uma maior atenção ao problema do escoamento dos produtos oriundos do campo que é, talvez, hoje o maior empregador e que nos coloca no topo da exportação de alimentos, como carne, frango, milho, soja com forte impacto positivo na entrada de divisas para o país. Anos atrás não se imaginava que, do cerrado, pudesse sair tanta produção, hoje comemorada e que só dá mostras de aumentar, caso não esbarrasse no gargalo chamado transporte.
Durante a década de setenta do século passado, no furor das mudanças determinadas pelos governos comandados por militares, deu-se prioridade ao transporte rodoviário, deixando para um plano inferior, o transporte ferroviário; muitas ferrovias foram drasticamente destruídas, os trilhos arrancados, a exemplo da nossa estrada de ferro, que funcionava desde 1913, interligando Ilhéus com Itabuna, Pirangi (Itajuipe) e Poiri (Aurelino Leal) e que muito serviço prestou naqueles anos em que não havia estradas de rodagem e veículos automotores ainda não haviam chegado por estas bandas. Vê-se, hoje, que na maior parte do mundo, o transporte de carga é feito, primeiramente, por ferrovias, principalmente em grandes distâncias, sem descartar, contudo, o transporte rodoviário. Também não se deu a devida atenção ao transporte marítimo, costeiro, principalmente quando temos mais de 7.000 quilômetros de litoral além de uma importante malha fluvial interna.
Pois bem, optamos pelas rodovias e já era para não acontecer o que foi mostrado em relação a importantes estradas do país, muitas sem asfalto, encarecendo o frete e uma verdadeira dor de cabeça para os motoristas que têm a desdita de trafegar nessas rodovias. Também chama a atenção, e isso foi bem mostrado pela televisão que, em muitas dessas precárias estradas, cobra-se pedágio.
O ex-presidente Washington Luís, deposto do poder em 1930, costumava dizer que “governar é abrir estradas” e não deixava de ter alguma razão principalmente quando se observa o quadro atual; deve-se não somente asfaltar as estradas como duplicá-las; não sei se ainda se encontra em vigor, mas havia a contribuição da CIDE, cobrada sobre cada litro de combustível vendido nos postos e que seria destinado para a construção e conservação das estradas brasileiras; o dinheiro arrecadado sempre foi uma fábula e não sei qual a sua verdadeira destinação.
Esse pequeno trecho entre Ilhéus e Itabuna só veio receber capa asfáltica no início dos anos cinquenta e, de alguns anos para cá, a região tem se mobilizado pedindo a sua duplicação, com promessas vãs que vão se perdendo no tempo. A estrada que liga Itajuípe a Coaraci, de grande movimento, encontra-se cheia de buracos, sem acostamento e sem sinalização, pondo em risco a vida de quanto s por ali transitam.
Esse problema de estradas e transportes já foi há muitos anos resolvido pelas nações mais importantes da terra mas, por aqui, continuamos como se ainda estivéssemos no século passado, sem muita esperança de vê-lo resolvido tão cedo. Precisa-se de vigorosa reivindicação e vontade política.