Sobre o Setembro Amarelo



Estamos chegando ao final do mês de Setembro. Já! E esse mês é marcado por uma campanha de prevenção ao suicídio criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); já que dia 10 de Setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

Mas o que é importante ressaltar, é a relevância de campanhas como essa. As taxas de suicídio são absurdamente elevadas ao redor de todo o mundo. A cada 40 segundos alguém comete suicídio, segundo a Organização Mundial de Saúde, chegando a 800 mil casos por ano. São números alarmantes! E, aqui no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta causa de morte entre os jovens e, no ano passado, houve um aumento da taxa entre os idosos com mais de 70 anos. Então, meu caro leitor, é um tema bastante importante, que necessita de nossa atenção e informação. Denso, sim! É pesado falar sobre isso, mas é altamente necessário.

Por muito tempo, evitou-se falar sobre suicídio. Era um tema permeado de segredos familiares, tabus, mistérios, questionamentos. E muito disso se dá por conta daquela velha máxima que digo bastante por aqui: a gente compara o nosso bastidor com o palco do outro. É comum vermos e ouvirmos comentários referentes ao suicídio do tipo: “como assim esta pessoa tirou a própria vida? Tinha tudo, não faltava nada!” ou “isso é falta de Deus!” ou “fulano foi fraco, poderia ter resolvido de outra forma”. A grande questão, que modifica a maneira como a gente compreende o que leva uma pessoa a cometer suicídio, e pode ampliar um pouco o nosso senso de empatia – cessar com o julgamento, acusação, crítica e partir para o acolhimento – é entender que, ao tentar cometer suicídio, a pessoa não está buscando tirar a própria vida; ela está buscando interromper, parar, sanar, estancar uma dor. É como se algo doesse tanto, incomodasse tanto, que somente se matando essa dor passaria. Ok?

E uma grande barreira que, infelizmente, ainda existe é o preconceito com relação aos transtornos emocionais, mentais e psíquicos. Todos nós temos questões, bloqueios, dores emocionais. Todos nós! Precisamos entender que quando dizemos bloqueios e traumas não se trata, necessariamente, de alguma coisa limitante ou impeditiva; trata-se da forma de ver o mundo. A maneira como enxergamos as situações, como enxergamos o outro, como lidamos com as adversidades da vida são respostas de nossos conteúdos emocionais e ninguém é perfeito. Ninguém é dono da verdade absoluta. O que existem são verdades para cada um de nós, de acordo à percepção e vivência que temos. Então, quando esse preconceito com relação à saúde mental for quebrado, muitas pessoas se sentirão mais à vontade para falar, expor e mostrar suas dores e vulnerabilidades.

O que acontece em nossa sociedade, é aquela cobrança por estar sempre bem, bonito, sorridente, satisfeito. E nós não estamos assim o tempo todo! E, muitas vezes, se mostrar vulnerável é visto, erroneamente, como fraqueza. Procurar ajuda, buscar uma terapia, cuidar da saúde mental não é fraqueza! Falar sobre as nossas dores não é fraqueza! Colocar para fora o que nos incomoda, o que aflige, o que nos dói é cura! E a dor do outro é real! Só sabe quem sente. Não podemos banalizar, minimizar, tirar por menos, achar que é bobagem. A melhor doação que podemos fazer a alguém é a atenção, o cuidado, a presença, o compartilhamento.

Que a gente possa ouvir o outro, suas dores, suas faltas com respeito.

E fale sobre aquilo que te dói. Desabafar é muito bom, mas existem profissionais qualificados para esta escuta, que têm como função ouvir e ajudar a reorganizar e ressignificar todo esse conteúdo emocional.Existem também canais específicos de auxílio e prevenção ao suicídio, como o próprio CVV, que atende 24 horas por chat, Skype, e-mail e pelo telefone 141.

Busque ajuda e compreenda quando alguém precisar buscar também.

Saúde mental é cuidado. É prevenção.


Mariana Benedito – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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