Gratidão.
Substantivo feminino. Qualidade de quem é grato. Reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um favor, uma ajuda, um auxílio. Agradecimento. Essa definição da gratidão, querido leitor, nos delimita a agradecer especialmente quando algo muito maravilhoso acontece, quando somos beneficiados de alguma forma, quando ganhamos alguma coisa. Mas, e se fôssemos gratos por absolutamente tudo?
Pense comigo a partir do seguinte ponto: as situações acontecem na vida da gente de maneira neutra. Nada vem categorizado como bom, ruim, bonito, alto, feio, baixo, triste ou alegre. A gente coloca as situações, pessoas, emoções, sensações em caixinhas de acordo com as nossas crenças, vivências e experiências. Por exemplo, um dia de chuva pode perfeitamente transmitir para você, que está aí do outro lado, uma sensação de frescor, de paz, calmaria, serenidade, contemplação. Já para mim, a chuva remete a introspecção, solitude, preguiça, falta de energia. A chuva deixou de ser chuva? Não. Apenas as nossas sensações são diferentes e a gente rotula e bota em caixinhas diferentes uma simples chuva. Imagine que isso vale para tudo nesta vida.
Tudo que nos acontece simplesmente é da forma que é, nossa mente é que qualifica; afinal, ela trabalha dessa forma: em dualidades. Agora pense em quantas vezes você colocou uma coisa na caixinha do negativo, triste, que não deu certo e reclamou, esbravejou, criticou; sendo que logo ali mais na frente, a coisa não ter dado certo foi a melhor coisa que poderia ter acontecido? E se você tivesse sido grato por “não ter dado certo”? Quanto desgaste teria evitado?
A gratidão, para mim, vai além de reconhecer ou agradecer alguém por um favor, auxílio, ajuda que tenha nos prestado. Gratidão é uma forma de apreciar a vida. Se a gente sente algo – seja o que for – é porque estamos vivos. Primeiro ponto. E, como conversamos no último artigo, isso é saúde mental, inteligência emocional: reconhecer o que está sentindo, não importa o que seja. Poder sentir. Poder experimentar toda a gama de sentimentos, emoções, sensações que existe; e cultivar a gratidão por todas as coisas, por tudo que nos acontece é mais uma decisão do que um sentimento, propriamente dito. São lentes que a gente escolhe, decide colocar para enxergar o mundo de outra forma. E eu te pergunto: por que não decidir ser grato por todas as coisas?
A caminhada pela vida é feita com altos, baixos, doce, amargo, sol, chuva, alegria, tristeza, raiva, medo, luto, felicidade. Tem de tudo! E tudo isso faz parte da gente e tem muito a nos ensinar. Agora imagine se a gente pudesse viver em um estado constante de contemplação, apreciação por tudo que acontece, por tudo que existe exatamente do jeitinho que é? O que está acontecendo à sua volta neste exato momento em que você lê esta coluna? Pare e olhe ao seu redor. Você está vendo? Está ouvindo? Que massa! Já agradeceu hoje por isso?
Olha, meu amadíssimo leitor, pode parecer clichê, mas você já agradeceu hoje por estar vivo? Respirando plenamente? As coisas podem até não estar acontecendo exatamente como você queria, mas você está vivo. Tem milhões de células aí dentro do teu corpo que trabalham incessantemente só para te manter vivo. Você tem de onde sair e para onde voltar. Tem, ao menos, três belas refeições por dia. Tem uma família – que assim como toda família, briga de vez em quando –, mas é uma família. Percebe a grandiosidade disso tudo? E do quanto a gente reclama por tão pouco?.
Hoje, ao menos por hoje, veja se você consegue ser grato por tudo que acontece. Pare. Olhe. Ouça. Respire.
E agradeça.
A gratidão é transformadora.
* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
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