Artigo de João Otávio Macedo – CINQUENTA ANOS ATRÁS


 “Muita coisa mudou no Brasil e no mundo e a medicina não ficou imune a essas mudanças”


Naquela tarde ensolarada de 1970, precisamente uma segunda-feira, 2 de fevereiro, o colega Julio Brito Alves e eu dávamos os primeiros passos no Instituto de Urologia e Nefrologia de Itabuna, a primeira clínica voltada para as afecções do aparelho urinário, na mulher e da esfera gênito-urinária, no homem, que se instalava em nossa cidade e, possivelmente, uma das  primeiras no interior do Estado. Ocupamos o terceiro piso do prédio, na Avenida do Cinquentenário, onde funcionava, no térreo, a antiga casa comercial Ferragem Sergipana. No piso entre o térreo e o andar que passamos a ocupar, tinham seus consultórios os colegas Geraldo Moura e Silva e Osmar Pithon Napoli, o primeiro, ginecologista, e o segundo, clínico e cardiologista.

Apesar de ser uma das mais importantes cidades da Bahia, Itabuna ainda não apresentava o movimento que ostenta hoje e estava prestes a despontar como importante centro médico-hospitalar; os pacientes procuravam atendimento nas clinicas e consultórios dos aproximadamente 60 médicos que aqui trabalhavam incluindo os do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Havia os hospitais Santa Cruz (hoje Calixto Midlej Filho), Manoel Novaes, Santa Maria Goretti, São Lucas, São Judas e Instituto de Pediatria e Puericultura de Itabuna (IPEPI).

Com a instalação do Instituto de Urologia e Nefrologia de Itabuna, novas práticas e novos procedimentos passaram a ser aplicados aqui e, três anos após, mudávamos para instalações mais amplas, na Trav. Benigno Azevedo, onde permanecemos até 1975, quando foi efetuada nova mudança para um ambiente maior, na esquina da Cinquentenário com Almirante Barroso; foi quando passamos a realizar pequenas cirurgias urológicas; em 1990, nova mudança, para o Centro Medico Artumiro Fontes e, em março de 2014, a última mudança, para o Edifício Itabuna Trade Center, ocupando todo o terceiro piso, ampliando o atendimento e realizando algumas práticas que até então não eram efetuadas, justamente, por falta de espaço e a necessidade de mais conforto para os pacientes e acompanhantes.

Ao longo dos anos, novos colegas passaram a emprestar a sua valorosa colaboração, como Renato Borges da Costa, Neudson Matos Cunha, Fernando Elias de Oliveira Cruz, Vilson Martins Jorge Cruz. Julio Brito Alves Filho e, por último, os colegas Bruno Rafael Foeppel Cardoso e Antonio Gabriel Oliveira Rodrigues além de alguns profissionais que atuam em outras especialidades.

Muita coisa mudou no Brasil e no mundo e a medicina não ficou imune a essas mudanças; quando começamos, em 1970, só tínhamos, no campo da imagem, apenas a radiografia; apareceram, depois, a ultrassonografia, a tomografia computadorizada, a ressonância nuclear magnética; novos e potentes medicamentos surgiram e avançadas técnicas cirúrgicas têm propiciado tratamentos mais eficazes para doenças que eram difíceis para serem tratadas. Em 2002, em consequência desse avanço, foi realizado o primeiro transplante renal no Hospital Calixto Midlej Filho e cirurgias cardíacas passaram a ser frequentes.

Hoje, o quadro modificou e não estamos com aquela euforia de anos passados, mas ainda temos profissionais gabaritados e dispostos a recuperar e manter o prestígio que tínhamos até poucos anos atrás.

O nosso Instituto de Urologia e Nefrologia de Itabuna, fruto de um sonho de dois jovens saídos da residência médica, em 1970, após cinquenta anos de existência, continua de pé, atraindo gente nova e colaborando para manter, bem alto, o prestígio e a seriedade da medicina que se pratica em nossa cidade.