Artigo de João Otávio Macedo – CONFUSÕES NA POLÍTICA


“Desde janeiro do ano passado que não ouvimos nenhuma notícia de assalto aos cofres públicos; extinguiu mais de 20.000 cargos desnecessários, com uma considerável economia”


 

Até parece que a prática política sempre foi amena, sem brigas, sem ciladas, prevalecendo o consenso, as boas normas, a cordialidade, tudo sendo feito em proveito do povo. Das atividades humanas, a política é a mais comentada, não levando a tanta paixão como o futebol, principalmente no nosso país, mas o povão gosta de votar, gosta de seguir os líderes carismáticos – que muitos males têm proporcionado e são duros na queda – e, principalmente nos anos de eleição, os ânimos se exacerbam e as paixões se avolumam.

Estou fazendo esta introdução num momento de muita confusão no cerne do poder, lá em Brasília, com trocas de insultos nos detentores dos três poderes da república, principalmente quando se anuncia que, dentro de alguns dias, voltaremos a ter as famosas passeatas que, dessa vez, segundo se comenta, seriam de apoio ao presidente da República e de agravo aos poderes Legislativo e Judiciário; é briga de gente grande, mas parte da população já está ansiosa por esse dia.

Retornemos um pouco, no tempo, e vejamos que o nosso fabuloso país tem passado por momentos tempestuosos no mundo da política; não é preciso ir muito longe, mas analisar o que aconteceu depois da queda de Getúlio Vargas, em 1945, após 15 anos no poder, 8 dos quais comandando uma pesada ditadura. Pois bem, saiu o Getúlio e o país retornou à democracia e, na segunda metade dos anos cinquenta, tivemos aquele período áureo de Juscelino na presidência, plena democracia e considerável avanço econômico; essa lua de mel durou pouco e, em 1964, novo golpe na democracia, por motivos complexos que exigem uma ampla discussão; voltamos à democracia plena a partir de 1985.

De 2003 até o final do governo Dilma, assistimos, estarrecidos, a uma voragem de corrupção jamais vista, com os cofres públicos sendo impiedosamente dilapidados, num conluio envolvendo políticos, dirigentes e altos funcionários da administração pública e isso é bem conhecido do povo brasileiro.

No momento, temos na Presidência da República um oficial da reserva do nosso exército e que passou mais de 20 anos na Câmara dos Deputados e que prometeu, na campanha, que mudaria o jeito de governar, o que, de fato, aconteceu, mormente quando se verifica como organizou o seu ministério, como tem levado pessoas competentes e sérias para a máquina administrativa e, o mais importante de tudo, a seriedade, não roubando e não deixando roubar. Desde janeiro do ano passado que não ouvimos nenhuma notícia de assalto aos cofres públicos; extinguiu mais de 20.000 cargos desnecessários, com uma considerável economia. Se está ocorrendo alguma falcatrua, está bem escondida, mas acredito que não, pois o governo tem, nos seus calcanhares, uma imprensa aguerrida e ávida para mostrar um bom escândalo.

Embora seja muito cedo para uma avaliação do atual governo, não resta dúvida que já mudou o país, promovendo reformas importantes que trarão benefícios para o país. O presidente gosta de uma “briguinha” e, quase que semanalmente, está discutindo com alguém; os três poderes da nação não estão em harmonia, se é que alguma vez estiveram, tal como imaginou Montesquieu.

Não somente o país, mas o mundo, vive momentos de turbulência, com aquecimento global, avanço de mais uma epidemia por vírus, o problema das migrações exigindo, dos governantes cada vez mais discernimento e sabedoria para conduzir essas confusões da política que sempre existiram e existirão.