Por Manuela Berbert*
Eu poderia começar esse texto dizendo que o título é inspirado na música Zé Do Caroço, que conta a história de um cara que quer ver o bem da favela, mas vou começar contando que exatamente no momento da virada deste ano, quando acompanhei Fabrício Pancadinha em um show em Canavieiras, disse: “2020 é o ano da verdade!” Extremamente religioso e dono de um tom de voz e de uma personalidade totalmente diferente do que se vê nos palcos e trios, ele me respondeu: “E que Deus nos abençoe!”
Escrevo, hoje, com um sentimento completamente diferente do que escrevi no texto “Tem um negro fazendo a diferença na sua cidade, mas você não vê”, no meio do ano. Escrevo com um sentimento completamente diferente, também, do texto onde expus, na última semana, a minha torcida por ele e seu grupo. Fechei o ciclo dos artigos em que “pedia” atenção para aquilo tudo que ele vinha fazendo. Hoje, um dia após as eleições de Itabuna, quando ele aparece como o vereador mais votado da cidade, ouso escrever que está nascendo um novo líder, e que a população já está aí, provando isso.
Diretamente da periferia, negro, Fabrício nem de longe tem a história que muitos imaginam. Apesar de puxar as maiores multidões da cidade nos carnavais, sua votação expressiva vem de muito trabalho prestado ao seu próprio povo, com um projeto social que atende a quase 400 pessoas, assistência real a centenas de famílias, e uma verdadeira transformação no Bairro São Pedro.
Paralelamente ao artista de massa tem um cara simples, tímido, e de um coração gigante, que desce dos palcos e gasta o próprio cachê melhorando a vida das pessoas ao redor. Lembro de uma passagem, no auge do isolamento social, quando enviei uma mensagem perguntando o que ele estava fazendo, e lamentando o “tédio” do conforto do meu lar. “Vá assistir televisão, negona! Estou ocupado”. A mensagem veio acompanhada de uma foto dele, no sol, concretando uma rua com outros moradores, e nas entrelinhas uma das milhares de lições de vida que ele me dá, diariamente.
Ver Fabrício ter sido escolhido pelo povo, como seu representante, é ter a esperança de uma periferia mais digna. A esperança da ampliação do projeto Alô Comunidade, que já mudou a realidade de muitos jovens. A esperança de mais e mais ruas pavimentadas e coloridas, elevando a autoestima da população carente, como ele sonhou, projetou e fez. A esperança de um olhar realizador, de fato. E acima de tudo, é lembrar que Deus não escolhe os capacitados, e sim capacita os escolhidos. Vai com tudo, neguinho! Você já faz a diferença DE VERDADE!
* Manuela Berbert é publicitária.