Parar é necessário


Mariana Benedito: “observar o que foi construído ... ajustar velas”


 

Em um mundo que preza e cobra tanto pela produtividade, parar parece ser uma coisa altamente descabida, não é mesmo? Pausar, ter momentos de introspecção, reflexão, descansar, desanuviar as ideias. Percebe como essas ações estão praticamente na contramão do que é pregado nesse mundão?

Vivemos uma era em que não podemos perder tempo. Fazemos trocentas mil coisas de uma só vez: falamos ao telefone, respondemos o WhatsApp, mandamos e-mail, preenchemos planilhas e relatórios e planejamentos ao mesmo tempo. Vivemos em ritmo acelerado! É super comum encontrarmos algum conhecido, perguntarmos como ele está e receber a resposta: tô aqui na correria! – quando não somos nós os autores da fala, não é? Vivemos correndo. Para onde? Deixo essa pergunta para você, meu caro leitor…

Fato é que, nesta loucura toda que vivemos e com todos os milhares de compromissos, prazos e metas que estabelecemos, pausar é fora da curva. E eu te digo, meu amado ser que me lê aí do outro lado, a gente precisa parar de vez em quando. Respirar, observar o que foi construído, o que foi alcançado, ponderar os erros, reconhecer os acertos, ajustar as velas. Parar para desconectar também. São tantos estímulos externos, demandas, tarefas que a gente acaba ficando soterrado debaixo de tanta informação. Vamos ficando sobrecarregados, cansados, estressados, ansiosos, tensos, irritadiços. Vamos nos distanciando da nossa essência, daquilo que alimenta a nossa alma, do que dá sentido a toda essa busca.

A gente precisa de pausa. Pausa para realinhar, soltar as amarras, relaxar, tirar as armaduras. Pausa para conectar com o coração. Pausa para sentir o corpo e permitir que ele fale com a gente. Pausa para se ouvir.

Um dia, um final de semana, uma semana… o que seja! Pausar não é perder tempo, meu caro; essa disputa pelo primeiro lugar na vida muitas vezes só se alimenta dentro da cabeça da gente. É fazer o que precisa ser feito, construir o caminho ao passo que se caminha por ele, mas respeitando nossas limitações, nossas necessidades e o nosso tempo.

E é muito comum a gente se culpar enquanto desacelera. Compreendo perfeitamente, meu amado ser de luz. Estou escrevendo esta coluna durante um período de pausa, deitada numa rede. Quantas vezes minha cabeça gritou que o mundo lá fora está girando e que não me era permitido pausar? Muitas! Eu precisava estar produzindo! Como assim não fazer nada? As vozes da nossa cabeça gritam muita coisa e nós somos nossos maiores acusadores.

A grande questão, meu amado leitor, é entender que a pausa faz parte do processo. É na quietude que a gente visualiza o todo, avalia qual passo será dado logo adiante. Recarrega as energias para a caminhada dos próximos quarteirões.

Se permita pausar. Se permita parar. Se permita descansar um pouco. Calibrar, pegar impulso para seguir mais presente. Mais inteiro.

 

– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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