Dos três Poderes da República, ainda há uma certa compreensão na politização, no sentido partidário, do Executivo e Legislativo. O Judiciário deve ficar fora desse emaranhado jogo político, assentado quase sempre no maquiavelismo de que os meios justificam a tomada do poder.
Infelizmente, o Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Judiciário, vem mostrando que o viés político partidário é cada vez mais fácil de ser identificado. Se não mudar o critério da nomeação dos ministros, tudo vai ficar no mesmo : o nomeado devendo favor ao presidente da República que o indicou.
Instituições como as Forças Armadas não podem enveredar para a política. A missão e o caminho que devem seguir são apontados na Constituição, que é nossa Lei Maior.
O papel dessa imprescindível e honrosa instituição, principalmente no Estado democrático de direito, é a defesa da Pátria e dos poderes constituídos, bem como o de garantir a lei e a ordem. É não medir esforços para termos uma democracia de verdade, sem rompantes e atitudes autoritárias.
Ainda bem que temos generais como Fernando Azevedo, que não aceita que as Forças Armadas fiquem atreladas aos interesses políticos do presidente da República de plantão, seja ele quem for, independente de partido político e posições ideológicas.
Na sua carta de demissão do Ministério da Defesa, Azevedo deixou bem claro que às Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – têm que ficar distante da politicagem dos Poderes da República. O recado ficou bem claro quando disse que preservou as Forças Armadas “como instituições de Estado”.
Outro problema que vem causando irritação nas Forças Armadas é o envolvimento do chamado Centrão nessas mudanças. Um general sendo substituído por causa da ameaça de um eventual pedido de impeachment, por pressão do toma-lá-dá-cá por mais e mais cargos.
Além do comando das Comunicações e a titularidade do ministério da Cidadania, o Centrão acaba de ser contemplado com a Secretaria de Governo, cuja precípua função é a articulação política palaciana. O presidente Jair Messias Bolsonaro, eleito com o discurso do “Centrão Nunca Mais”, cada vez mais refém do movimento e das suas lideranças.
Vale lembrar que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, já cobrou do chefe do Palácio do Planalto mais agilidade no combate à pandemia do novo coronavírus, inclusive falando em “remédios amargos e fatais”, que até as freiras do convento das Carmelitas sabem quais são. Fernando Collor, Dilma Rousseff e Michel Temer também.
Concluo dizendo que nossas instituições, mais especificamente as Forças Armadas, não podem ficar subordinadas aos caprichos dos governantes. Suas gestões passam, as instituições ficam.