A fera o mata e o destroi de vez, a droga o faz subir lentamente um calvário
Não deseje, nem ao seu pior inimigo, que ele tenha um filho viciado em qualquer tipo de droga, legal ou ilegal. Você não imagina o que é, para um pai e uma mãe, ver o filho querido, amado desde o berço, se transformar num animal, num louco, num criminoso, num doente. Os mesmos olhos, os mesmos cabelos, o mesmo rosto que você tanto acariciou em seus braços, agora rouba seu dinheiro, vende as coisas de dentro de casa e até o agride, para conseguir o dinheiro da droga. Você tem razão: não é mais seu filho, não é mais sua criança dengada: é um monstro desconhecido, um bandido perigoso, um assassino enfurecido. Só que a fala é do seu menino amado, o jeito é do seu filho, a pessoa é a mesma que você carregava no colo. O coração fica dividido entre o amor ao bebê e o terror da droga. Mais antes a gente ver uma fera devorar nosso filho, do que vê-lo debatendo-se e agonizando nas garras do vício. A fera o mata e o destroi de vez, a droga o faz subir lentamente um calvário, causando-lhe dor prolongada, dilacerando-lhe a carne passo a passo, até beber sua última gota de sangue. E você não pode sequer enxugar-lhe a face, apenas assiste à morte lenta de quem mais você ama. Não deseje, nem ao seu pior inimigo, que ele tenha um filho viciado em qualquer droga. Como se pode proteger quem caminha, com seus próprios pés, para o abismo? O que falar a quem não o escuta? Que caminho mostrar a quem já está cego? Como fazer alguma coisa, ao ver distante e perdido o filho que está bem à sua frente, ao alcance de sua mão? Como assistir ao enterro de quem ainda está vivo? Não deseje, nem ao seu pior inimigo, que ele tenha um filho viciado em qualquer droga. Você estará desejando sua pior morte…