O fantástico mundo das ilusões


Mariana Benedito: “Inalcançável, porque a gente deseja tudo perfeito, sem curvas, sem tropeços, sem percalços”


Fantástico vírgula, meu amado leitor. Fantástico para a nossa cabeça mirabolante que deseja tudo do jeito dela. A realidade, o que existe e que se tem é bem diferente. Mas calma, pode parecer confuso quando a gente traz o assunto das ilusões aqui para esta coluna, então pegue aqui na minha mão e acompanhe o raciocínio.

Repare, todos nós criamos expectativas, cenários perfeitos, roteiros impecáveis para a nossa vida e para as nossas relações. É normal, é natural. Começando do começo, a gente idealiza como os nossos pais deveriam ser, o que eles deveriam ter feito, de que forma deveriam ter nos cuidado e educado, apontamos os erros e falhas na nossa criação e queremos mudar o jeito deles, a forma de viverem a vida, ousamos até ditar quais escolhas deveriam fazer, supondo – na nossa mais vã e infantil filosofia – que a gente sabe o que é melhor para eles. Ledo engano, querido!

A gente não pode mudar o que foi, o que é e o que não está ao nosso alcance. E essa é a chave para lidar com a realidade: a vida segue seu próprio fluxo, independente se a gente goste ou não. E aí, meu amado ser que lê estas linhas aí do outro lado, cabe a nós saber trilhar e extrair do real o melhor que a gente puder.

O ideal vive na nossa cabeça e ele é inalcançável. Inalcançável, porque a gente deseja tudo perfeito, sem curvas, sem tropeços, sem percalços. E a vida não caminha por linhas retas! O real é palpável, já está diante de nós. E, observe, quando a gente fica mirando demais no que gostaria que fosse, não enxerga e não aproveita o que tem.

Se instalar na realidade é aceitar a vida como ela é. Calma, repare com atenção aqui: isso não significa se acomodar. Muito pelo contrário! Aceitar a vida como ela é, é parar de querer mudar o que não pode ser mudado e depositar a nossa energia no que a gente pode melhorar. Ou seja: nós mesmos!

Esperar que o outro mude, que o mundo fosse diferente do que é, que as coisas tivessem acontecido da maneira que você acha que deveria ter sido só atrasa a vida, acredite. Atrasa porque a gente perde tempo. Aqui, agora, neste exato momento e lugar que você está, meu amado leitor, o que você pode fazer para extrair mais da sua vida?

Será mesmo que você está fazendo o que precisa fazer? Está fazendo da maneira que você sabe que pode fazer? Profissionalmente falando, está cumprindo as suas tarefas e obrigações com o compromisso e dedicação que, no fundo, você sabe que pode desempenhar? Falando nas suas relações pessoais, você está a serviço de quem você ama? Você é alguém com quem se pode contar? Suas atitudes, comportamentos, falas e intenções são de uma pessoa que transmite segurança e confiança para quem te cerca? Você está sendo um filho que respeita as escolhas, jeito e caminho dos seus pais? Está sendo um amigo que acolhe, que ouve sem julgamentos, que deseja o bem para os seus? No seu relacionamento, você está ajudando o seu par a alcançar aquilo que lhe falta? Você está se entregando verdadeiramente, se imagina dando a vida e sangrando por esta pessoa?

Pois é, meu amado leitor. A realidade não precisa que a gente se preocupe com ela, ela precisa mesmo é que a gente se ocupe dela.

 

* Psicanalista, especialista em Marketing

Instagram: @maribenedito