Olha, meu amado leitor, é verdade que a gente está vivendo uma era de aparências. Parecer ser, infelizmente, está ganhando mais valor do que ser, de fato. A vaidade ganhou proporções inimagináveis; a internet nos trouxe essa nuance da exposição, da ditadura da beleza juvenil, do corpo padrão, da pele ideal, do cabelo perfeito. O status social se tornou supervalorizado com a exposição cotidiana de trajes, marcas, estilos de vida. Ser reconhecido, ser bajulado, ter destaque social, receber curtidas e elogios se tornaram meta e objetivo em nossa sociedade. A vaidade e aparência norteiam os nossos dias.
E aí, meu querido ser que lê estas linhas, esses dias eu me peguei observando o desenho de uma caveira com uma bússola tatuados há tempos na panturrilha do meu namorado. Confesso que eu não gostava de desenhos e formatos de caveira, mas algo em mim acendeu naquele momento e me fez refletir sobre a nossa finitude. A caveira nos traz um verdadeiro choque de realidade, nos faz lembrar que a vida passa, que não somos eternos, que o nosso tempo aqui é limitado. Quando a gente morrer, não vai levar absolutamente nada dessas coisas pueris, compreende?
Um dia vamos morrer e a gente pouco fala sobre a morte. A gente pouco reflete sobre o que, de fato, estamos buscando e construindo durante a nossa vida. Repare, meu caro leitor, refletir sobre a morte é refletir sobre a vida! Quando a gente se dá conta que é um verdadeiro e grande mistério até quando estaremos aqui, é assustador, eu sei. Mas veja como também é fantástico, porque parece que coisas que antes a gente tinha como prioridades máximas vão caindo por terra. Observe o tempo que a gente gasta correndo atrás de um modelo ideal, alimentando padrões inalcançáveis, buscando aparências e status sociais que não valerão de nada, no final das contas.
Você já encarou e olhou fixamente para uma caveira, meu querido leitor? Já refletiu e meditou sobre essa figura seca, sem aparências, sem casca, sem máscaras? Já pensou sobre a morte, sobre o nosso destino último? Não estamos conversando aqui nesta coluna, meu caro, sobre abrir mão da vaidade, dos bens materiais, do conforto, do dinheiro, da ascensão e do reconhecimento como fruto do seu serviço ao outro; nada disso! A reflexão aqui é quanto ao grau de importância que você dá às parafernálias externas. Quanto sua vida está mirada ao objetivo – seja reconhecimento, dinheiro, poder – esquecendo da caminhada do serviço, da construção de valores, do rastro positivo deixado por onde você passa. Isso sim!
No final vai sobrar o que de fato a gente foi. Seremos lembrados pelo que alimentamos em nosso coração, pelo bem que fizemos ao servir, ao querer o melhor a quem nos cerca de forma genuína; e, para a nossa surpresa – ou não – é justamente do servir genuíno que brotam a abundância e prosperidade, uma vida cheia de sentido. O que a gente tem sido? O quanto estamos olhando e apostando em todas essas questões externas à nossa ação verdadeira, ao nosso coração?
De que forma estamos lidando com o poder, com o dinheiro, com a vaidade, com a exposição, com a aparência? Quem comanda quem?
O que sobrará no final?
Que a gente nunca se esqueça do nosso destino, da caveira que seremos, para que os nossos olhos não de turvem diante do que realmente vale e importa.