DE VOLTA À BARBÁRIE


João Otávio Macedo lamenta mais uma guerra em curso, com as perversas consequências


“Senhor Deus dos desgraçados

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura… se é verdade

Tanto horror perante os céus”

 

Confesso que não esperava ver cenas como as que estamos vendo pela televisão, mostrando aquele horror que acontece na Ucrânia, depois que o mundo ainda comenta as atrocidades cometidas na primeira e, principalmente, na segunda guerra mundial, ambas ocorridas na primeira metade do século XX e tendo como palco a civilizada Europa.

Quando ocorreu a invasão da Ucrânia pelas tropas de Vladimir Putin, a 24 de fevereiro, imaginei que, dentro de uma semana, talvez, o conflito tivesse fim, pela reação dos demais países, concentrados na ONU e que, prontamente gritaram, pelos seus representantes, pedindo o fim da luta armada. Isso ocorreu, mas o tirano ucraniano manteve-se, e mantém-se, irredutível e a carnificina continua, em pleno século XXI.

Comecei esta crônica com os versos clássicos do grande Castro Alves, quando bradava contra aquela ignomínia que foi a escravidão, com os negros escravos oriundos da velha África sofrendo e morrendo nos porões imundos nos navios dos mercadores de escravos.

O quadro atual é diferente, mas o bombardeio sobre as cidades ucranianas, principalmente a capital Kiev, mostra a maldade humana, com mortos decorrentes diretamente dos bombardeios, ao lado de outras mazelas como o frio intenso, a destruição de prédios, a fome, a insegurança e a busca por um meio de transporte que possibilite a saída daquele país em direção a outro, ou outros, que ofereçam segurança e condições de vida. Cerca de 2,3 milhões de ucranianos deixaram sua terra natal, desde o início da guerra, deixando para trás o seu lar, seus parentes, seu emprego, imagens que lembram, também fazendo coro com a segunda guerra mundial, com a diáspora do povo judeu fugindo da perseguição dos nazistas.

A guerra, infelizmente, continua e não sabemos qual será o seu fim. A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o conflito poderá jogar 90% dos ucranianos na extrema pobreza. Além dos cataclismos naturais, que vez por outra nos atingem, das pandemias como a COVID-19, usa-se a inteligência e o trabalho para criar artefatos mortíferos e bombas de alto poder destrutivo, atingindo a população civil, que se vê inerte perante esses governantes déspotas que, certamente, imaginam possuir a vida eterna e não prestarem contas, um dia, ao Criador.

E assim os dias vão passando e as pessoas sensatas e pacíficas ansiosas por verem o fim dessa explosão fraticida. Vale a advertência de Santayana de que “os que não se lembram do passado estão condenados a revivê-lo.