Por Kiko de Assis
A depilação da genitália feminina tornou-se quase que uma obsessão perseguida pelas mulheres, uma prática disseminada na velocidade da internet e suas influencers… Este fenômeno está ligado a estética ou apenas cuidados com a higiene? Difícil responder, entretanto, é preciso buscar informações acerca deste hábito e suas consequências. Diga-se de passagem, esta prática remonta dos primórdios da civilização humana, mas ganhou contornos dúbios principalmente quando se associa a depilação à pedofilia! Sim! Estas duas questões estão presentes nessa discussão. A depilação pubiana transforma a genitália feminina adulta, na imagem da mesma quando criança, gerando o fator erótico que estampado em revistas e amplamente visualizado na internet, desperta os sentimentos mais obscuros da mente humana. A semelhança física decodifica o pudor e acelera a testosterona contida no ser libidinoso. Seria leviano dizer que o pedófilo nasce desta situação, mas o fato é que essa semelhança avança sobre aqueles que não têm controle e consciência sobre sua sexualidade e coloca a mulher em pé de igualdade com a criança… É tudo muito sutil e extremamente machista. Um estudo publicado pela revista de saúde sexual, Journal of Sexual Medicine, vinculou o fenômeno da depilação pubiana à exposição ostensiva feita pelos veículos de comunicação, notadamente a internet e suas teias infinitas. Desde então, naturalizou-se a remoção COMPLETA de praticamente todos os pelos do corpo, desde às axilas à genitália. Observe que durante toda a história da nossa civilização a exigência da depilação recaiu somente e principalmente à mulher. Até pouco tempo, em homens, a depilação era critério para categoriza-los em mais ou menos viril. Nos homens, a presença de pelugem era sinal de virilidade, na mulher, falta de higiene e mesmo com diversos estudos e pesquisa nesse âmbito, os médicos e pesquisadores sempre foram enfáticos em relação a depilação: não tem absolutamente nenhuma relação com higiene! Inclusive muitos afirmam justamente o contrário; pelos servem como uma proteção natural do nosso organismo e antinatural é remover essa “camada” protetora existente em nossa pele, deixando-a propensa a mais infecções. Inclusive existem estudos que associam o hábito de depilar a um aumento no índice de doenças sexualmente transmissíveis.
Exigir um corpo sem pelos é erotizar e desejar um corpo infantil. A busca por elementos infantis dentro das relações sexuais, flerta facilmente com a pedofilia além de evidenciar a busca pela dominação que é comumente vista numa relação normal entre adulto e criança. Essa concepção de sensualidade e erotização infantil é tóxica e mostra o quão adoecida está nossa civilização. É preciso uma reflexão profunda acerca do modismo e suas possíveis consequências.
Kiko de Assis
Publicitário e Produtor Cultural