Chegue aqui mais pertinho de mim, deixa eu te perguntar um negócio: quantas vezes, nos últimos meses, você se pegou respondendo mensagens de trabalho fora do expediente? Ou abrindo o WhatsApp para dar aquela checadinha para conferir se está tudo em ordem com as demandas de trabalho enquanto assistia a um filme em casa? Ou ainda, trabalhando até tarde, sem perceber o tempo passar, enquanto sua família já dormia? A era digital trouxe inúmeros benefícios para nossa rotina, glória a Deus! A tecnologia nos conecta, facilita o trabalho remoto e nos dá autonomia para organizar nossos horários. Mas, junto com isso, trouxe também um grande desafio, meu amado leitor: o de estabelecer limites entre o profissional e o pessoal. O que deveria ser um avanço virou, para muita gente, uma prisão invisível, onde a jornada de trabalho nunca termina e a sensação de exaustão se tornou um estado constante.
Estamos passando por uma fase do joguinho onde a cultura da produtividade foi elevada a um patamar quase sobre-humano. Ser ocupado se tornou sinônimo de ser bem-sucedido. Mas, venha cá, será mesmo? O problema é que a gente nunca desliga! O celular apita o tempo todo com notificações de trabalho, e-mails chegam de madrugada, e muitas vezes nos sentimos culpados por não estar disponíveis 24 horas por dia. Isso cria uma sensação de estar sempre em dívida com algo – como se nunca fosse suficiente o que fazemos. E, repare bem, essa linha cada vez mais tênue entre trabalho e vida pessoal tem um preço: ansiedade, insônia, cansaço mental, falta de presença nos momentos mais importantes e, em casos mais graves, o famoso Burnout – um esgotamento profundo que afeta a saúde mental e física.
O grande desafio aqui não é simplesmente organizar horários, mas entender quais são as suas prioridades. O que, de fato, tem valor para você? Muitas vezes, a gente entra no piloto automático e nem percebe que está se afastando do que realmente importa. Trabalhar é essencial, claro! Vivemos num mundo capitalista e precisamos ter recursos para viver neste mundo – sem entrar em questão ideológica ou utópica aqui! Mas não dá para ignorar que nossos relacionamentos, nosso descanso e nossos momentos de lazer são tão importantes quanto. Afinal, de que adianta o sucesso profissional se, no fim do dia, não sobra tempo para viver, meu Deus do céu?
Agora que já entendemos o problema, vamos ao que interessa porque eu gosto de deixar o baba organizado: como sair dessa armadilha? Definir horários fixos para começar e terminar o trabalho parece simples, mas é muito fácil se perder nisso. Se trabalha de casa, tenha um horário de encerramento claro e se comprometa a desconectar os aparelhos de trabalho depois disso. Ter limites e sustentá-los também é fundamental. Você não precisa responder mensagens fora do expediente. O mundo não vai acabar se aquele e-mail for lido só amanhã de manhã, pare com isso. Se acostume a respeitar seu próprio tempo! Criar pequenos rituais que marquem a passagem do trabalho para a vida pessoal pode ajudar seu cérebro a entender que o expediente acabou. Um banho relaxante, uma caminhada, trocar de roupa… Pequenos gestos fazem toda a diferença, acredite. E não podemos esquecer de investir no que nos faz bem. Relacionamentos, hobbies, leitura, atividades físicas – tudo isso nutre nossa vida de verdade. Não deixe de lado as coisas que te dão prazer em nome de mais uma hora de trabalho.
Experimente momentos longe das telas. Deixe o celular no modo silencioso durante o jantar, evite redes sociais antes de dormir e descubra como estar presente de corpo e alma nos momentos importantes. Isso muda o jogo! A era digital não precisa ser vilã. A tecnologia deve servir a você, e não o contrário. O trabalho é uma parte essencial da vida, mas não pode ser a única. Encontrar esse equilíbrio é um processo, exige escolhas diárias e, principalmente, exige que você coloque isso como algo inegociável.
E aí? O que você pode fazer hoje para trazer mais leveza à sua rotina?
Mariana Benedito – Psicanalista e Psicoterapeuta
Instagram: @maribenedito