Se você me acompanha aqui nesta coluna ou no Instagram, já há algum tempo, meu amado leitor, sabe que, volta e meia, falo sobre crenças. Crença de não se achar merecedor de ser feliz, ser amado, ser reconhecido. Crença de que não é digno de viver um relacionamento saudável, estável. Crença de que relacionamento é prisão. Crença de que tudo precisa ser penoso para ser valorizado. Crença de que não pode descansar ou cuidar de si, porque não está sendo útil ou não está agradando outra pessoa. Enfim, são inúmeras as possibilidades.
Fato é que todos nós carregamos um pacotinho de crenças que a gente alimenta, dá água, nina, bota debaixo do braço e não deixa ninguém mexer. O que a gente busca é, inconscientemente, validar a existência desse bichinho de estimação para justificar o nosso medo de viver uma vida adulta, responsável, com dores e delícias. A gente busca validar esse pacote de crenças para não brilhar a nossa luz e, de certa forma, culpar alguém pelo nosso insucesso.
Mas afinal, que negócio é esse mesmo de crença? O que é, onde habita, do que se alimenta, como vive? Vamos do começo. Pegue aí seu copinho de água e dê um gole, se hidrate, que é importante.
Repare bem, as crenças existem e atuam em nossas vidas com o intuito básico de nos proteger, de nos garantir a vida, evitando que a gente sofra ou se machuque; e não se trata somente de querer se livrar delas achando que crenças são puramente negativas ou prejudiciais. Calma, é preciso primeiro identificar a existência delas dentro da nossa cabecinha, de onde elas vêm e, a partir daí, trabalhar para separar qual benefício elas nos trazem, para poder dar um novo sentido a tudo isso.
Os aprendizados, entendimentos, o que nos foi passado e dito ao longo da nossa existência serviu para que a gente pudesse viver uma vida mais funcional e segura; poupando tempo, já que fazemos e reproduzimos algo de maneira tão repetida que assimilamos aquilo como verdade. Crenças são princípios orientadores: norteiam o nosso comportamento, explicam por que fazemos o que fazemos, da forma que fazemos.
Crenças podem ser limitadoras ou possibilitadoras. Existem crenças que são baseadas e fundamentadas em traumas emocionais, em alguma situação vivida de forma intensa ou dolorosa que desencadeia o entendimento matemático de que tal comportamento provocará tal dor ou sensação de abandono, rejeição; essas são as crenças limitadoras. Já as crenças alicerçadas em percepções positivas, no alcance de metas e objetivos, que desenvolvem o nosso senso de merecimento e percepção de autovalor, são as crenças possibilitadoras.
O nosso repertório de crenças começa a ser construído durante a nossa infância, algumas antes mesmo de aprendermos a falar. O que ouvimos de nossos pais, educadores, cuidadores e, ao passo que vamos crescendo e indo para a vida, da observação de experiências vividas por nós e por outras pessoas. Todos esses conteúdos ficam armazenados em nosso inconsciente e desenvolvem padrões de comportamento, automações, ações e atitudes no piloto automático.
A chave aqui, meu amado ser que lê estas linhas aí do outro lado, é a gente parar para se observar. A gente sabe onde nosso calo aperta, a gente sabe onde nossos pensamentos nos levam antes de dormir, a dor e vazio que a gente sente quando bota a cabeça no travesseiro. É preciso pagar o preço de confrontar essas crenças, identificar a existência delas, trabalhar para dar uma nova perspectiva a tudo isso.
É uma jornada se dar conta desse pacote.
É uma caminhada ajustar as velas e trocar a chave, sair desse automático que acredita que precisa viver no caos, que não é merecedor do leve, do amor, do bom, do sucesso, da abundância.
Mas você é merecedor, lembre disso!
É possível, o importante é dar o primeiro passo!
* Psicanalista, terapeuta e especialista em Marketing
Instagram: @maribenedito