“Itabuna
Ah! Como eu sou feliz e me sinto orgulhoso
De um dia ter nascido em teu seio faustoso,
Sob o esplendor de um céu de beleza tão rara!”
Do primeiro grande poeta itabunense, José Bastos, retiramos esses versos bonitos do seu soneto ITABUNA para iniciarmos mais uma conversa sobre a nossa cidade que, dentro de alguns dias, estará aniversariando.
Estamos na semana em que se realiza a grande festa do nordeste, as festas juninas; este ano, infelizmente, tal como ocorreu, também, no ano passado, sem o brilho de outrora, por causa dessa terrível pandemia. Esperávamos que, no ano em curso, pudéssemos retornar à plenitude de nossas atividades e voltássemos a desfrutar das belezas que são as festas juninas, culminando com a noite dedicada a São João, único santo em que o catolicismo comemora o nascimento e não a data do falecimento, como ocorre com os demais santos.
Qual o menino, ou menina, que não sonha com os festejos juninos e a alegria de soltar os fogos de artifício?; a noite de São João tem algo parecido com a noite de Natal, ambas com os seus encantos e as suas diversidades; se no Natal a criança aguarda ansiosamente pela passagem do papai Noel trazendo o tão esperado presentinho, na noite de São João vibra com os fogos de artifício, com as comidas e com as brincadeiras em volta da fogueira; os adultos também participam, degustando as bebidas típicas da época.
São João é festa para lugares pequenos; pode-se comemorar, também, nas cidades maiores, mas a festa é mais aconchegante, mais participativa, nas comunidades menores, geralmente na praça da igreja, onde a imponente fogueira dá o tom e local em que todos dançam, ao embalo das músicas e canções da ocasião.
Lembro-me bem das festas juninas da minha infância e da minha adolescência, aqui na nossa Itabuna; costumava chover nesse período, muito mais do que chove hoje; a chuva jogava por terra a alegria de soltar os fogos, antecipadamente adquiridos e guardados na parte alta do guarda-roupa e também impedia que a fogueira queimasse totalmente.
Em alguns anos fazia-se um desfile de carroças enfeitadas, puxadas por muares, também, com adereços e o cortejo passava por algumas ruas da cidade e encerrava o alegre desfile numa grande festa dançante nos salões do Itabuna Clube e do Grapiúna; merece recordar as quermesses, durante o período junino, situadas na praça Adami e na praça Santo Antônio, com várias brincadeiras envolvendo a juventude.
Tudo isso quando a cidade era menor, muito mais aconchegante e também contávamos com figuras conhecidas e que eram verdadeiros “agitadores culturais”.
No Estado do Rio Grande do Sul, em quase todos os municípios, há os CTG (Centro de Tradições Gaúchas), onde as pessoas se reúnem para cantar e dançar e, com isso, além de se divertirem a contento, mantêm bem acesa a chama dos aspectos culturais do Estado e da região; Por que não fazemos algo semelhante por aqui, quando o nordeste brasileiro tem muito mais diversidade cultural que qualquer outra região do Brasil?
Evidente que o crescimento das cidades vai fazendo esquecer essas brincadeiras e divertimentos que sempre deram um colorido especial a esses festejos típicos da nossa cultura; mas se isso não pode ser feito em toda a cidade, pelo menos em alguns bairros poderia haver uma tentativa, bastando que o poder público desse o ponta-pé inicial, sem colocar muito dinheiro, que não deverá ser subtraído de áreas nevrálgicas da comunidade.
Esperamos que essa pandemia dê uma trégua e possamos retornar aos momentos de lazer ansiosamente esperados por todos, principalmente, pelos jovens. E viva a trindade santa do nordeste: Santo Antônio, São João e São Pedro.