Mariana Benedito*
Abraço. Ação de envolver algo ou alguém com os braços, mantendo essa pessoa ou coisa próxima ao peito; demonstração de carinho, de amor, afeto ou de amizade; junção, ligação entre pessoas. Esta é a definição clássica, mas palavras realmente não são necessárias quando imaginamos um bom e apertado abraço. Nos surge uma lembrança, uma sensação, uma saudade. A simbologia do abraço, pelo menos para mim, vai muito além desse conceito; ela perpassa pelo envolvimento de emoções, percepções, trocas. Podemos abraçar para consolar alguém em um momento delicado, podemos abraçar para comemorar uma conquista, para demonstrar carinho. É o enlaçar, envolver, transmutar.
O ato de abraçar é carregado de significados; quando abraçamos, transmitimos sentimentos que são capazes de superar tristezas, nos comunicando com o outro por meio da manifestação física e expressão corporal de um conteúdo totalmente emocional que é transmitido pela comunicação não verbal, entendível até mesmo por bebês, que percebem o amor e o carinho por meio do abraço.
Existem pesquisas científicas que comprovam o poder terapêutico e fisiológico do abraço. Quando abraçamos ou somos abraçados com ternura – que nos proporciona o sentimento de acolhimento, aceitação –, nosso corpo libera substâncias como dopamina, endorfina e oxitocina que são responsáveis pela sensação de bem-estar, felicidade, prazer, bom humor; provocando reações positivas, melhorando a saúde, auxiliando na cura e tratamento de doenças; além de impulsionar o desenvolvimento da inteligência e equilíbrio emocional nas crianças. Estimula a diminuição de riscos de doença cardíaca, diminui os níveis de estresse, ajuda no controle da ansiedade e fortalece o sistema imunológico. Isso mesmo! O simples ato de abraçar, com consciência, emanando bons sentimentos, é uma verdadeira terapia, sem contraindicações.
Vivi uma experiência fantástica e muito intensa relacionada ao ato de abraçar. Um grupo de pessoas se mobilizou para ir às ruas com cartazes e o simples objetivo de doar abraços a estranhos. Mulheres, homens, idosos, crianças, alto, gordo, baixo, magro, preto, branco, amarelo. Não existiam distinções. Observava-se o ser humano que estava ali por detrás da persona que se apresentava. Eu, particularmente, pude perceber o quanto estamos vivendo num mundo sem afabilidade. As pessoas se assustam quando são abordadas para serem abraçadas. Desconfiam, algumas chegavam até a questionar se era realmente uma doação ou se precisavam pagar. Mas a reação das pessoas após serem abraçadas – mesmo se houvesse alguma resistência inicial – era reveladora: o abraço realmente cura e transforma de forma altamente positiva o dia e a vida das pessoas. Vivemos em sociedade e não sabemos os problemas, demandas, dificuldades de todos que nos cercam; mas transmitir um sentimento de afeto, conforto a alguém por meio do abraço, pode reverberar de maneira que nem sequer imaginamos. E o mais bonito foi ver as pessoas, após serem abraçadas, abraçando outras e espalhando esse sentimento de felicidade.
É, de fato, uma corrente de energia poderosa que precisa somente que abramos os braços, literalmente; porque a emoção, o sentimento e sensação que circularão dentro do abraço são verdadeiras trocas que possibilitam transformações em ambos os lados.
Abrace mais! Esse é o convite.
* – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.
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