Você já parou para pensar, meu querido leitor, sobre o quanto você quer aquilo que você deseja? Sim, pode parecer confuso, mas leia com atenção. O quanto as nossas atitudes estão alinhadas em conquistar aquilo que desejamos? Porque avalie, meu caro, é muito fácil a gente criar uma lista de desejos e sonhos e resoluções – ainda mais agora, boca de final de ano, as promessas para 2020 bombam! Mas até que ponto, lá dentro de nós, há vontade legítima de realizar estes desejos?
Chega a ser bem tenso e desconfortável pensar nisso tudo, porque começamos a perceber o quanto nos sabotamos, o quanto cavamos os buracos em que vamos cair. Quando a gente estabelece uma meta, um objetivo, precisa ter em mente os ônus e bônus daquela escolha; todo caminho requer ganhar algo e perder algo, porém, amado ser que me lê aí do outro lado, o que vai determinar que a gente consiga alcançar tal objetivo é o que nos move em direção a ele, a razão que nos orienta e nos mantém firmes focados no bônus.
Mas, meu amado, nem só de força de vontade vive o homem. E um aspecto importante de a gente ressaltar é a autossabotagem. E é aí que entra o quanto realmente desejamos aquilo que queremos. Todos nós desejamos ser amados, ter amigos, ter saúde, ter um bom emprego, ter estabilidade financeira. É o sonho de todo mundo! Mas, verdade seja dita, todo mundo ter este mesmo sonho significa que ainda estamos buscando meios e formas e alternativas e caminhos para alcançá-lo. Ou seja, trocando em miúdos, está todo mundo no mesmo barco das tentativas. E isso nos une, de certo modo. É muito comum juntarmos as rodas dos amigos para compartilhar os dissabores, as expectativas não cumpridas, os amores não correspondidos. É muito comum juntarmos a família num almoço de domingo para dizer o quanto a grana está apertada, o quanto está complicado para todo mundo.
Avalie, meu amado ser, estar neste mesmo barco que todo mundo, indiretamente, faz a gente se sentir pertencente a alguma coisa. Perceba o quanto que a reclamação, a lamúria, o choro, a lástima nos unem. E, indo ainda mais fundo, não ter do que reclamar e se lastimar nos tiraria deste conhecido. E nós tememos demais o desconhecido!
É como se ter um bom relacionamento, ter um bom trabalho, ter abundância nos destoasse da multidão; e, destoando, a gente passa a ser um estranho no ninho, aquele que perde espaço, atenção e afeto. A gente desenvolve um apego descomunal ao sofrimento, porque estar bem nos distancia do todo. E o que mais desejamos nesta vida é nos sentirmos pertencentes.
A gente fala muito que tem medo das coisas darem errado. Será mesmo? Cá, com meus botões, eu acredito que a gente tem medo mesmo é de as coisas darem certo. Dando certo, do que vamos reclamar? Dando certo, como vamos nos juntar aos amigos no grupo de WhatsApp para contar as desventuras? Dando certo, nos sentiríamos excluídos… e daí, pimba! Quando as coisas começam a caminhar e se orientar por uma direção de sucesso, nos boicotamos. Voltamos à estaca zero. Voltamos ao que conhecemos.
Portanto, meu amado, eu te pergunto novamente: o quanto você realmente deseja aquilo que você quer?
* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica;
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