COLUNA WENSE – Os prefeituráveis e a sucessão de 2020


"Nunca um gestor de Itabuna foi reeleito, conseguiu o segundo mandato consecutivo, o que não deixa de ser a prova inconteste da insatisfação do eleitorado"


Capitão Azevedo

 *Marco Wense

Sempre me perguntam sobre José Nilton Azevedo quando o assunto é a sucessão de Fernando Gomes, prefeito de Itabuna por cinco mandatos, nenhum deles pelo instituto da reeleição.

Nunca um gestor de Itabuna foi reeleito, conseguiu o segundo mandato consecutivo, o que não deixa de ser a prova inconteste da insatisfação do eleitorado com o governante de plantão.

Quando o tabu da reeleição poderia ser quebrado, com Ubaldo Porto Dantas, que deixou o governo com uma aprovação de mais de 75%, a legislação eleitoral vigente na época proibia a recondução ao cargo pelo voto.

Voltando a Azevedo, digo, sem pestanejar, que entre os que já foram alcaides e querem retornar ao comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves, o capitão é o mais competitivo.

O militar, com sua natureza pacificadora, tem carisma e gosta de fazer política todos os dias. Seu maior problema é a inconsistência. Ninguém sabe o que passa pela cabeça de Azevedo, que rumo pretende tomar, o que pensa sobre o futuro de Itabuna. Essa indefinição gera desconfiança e instabilidade.

Azevedo tem pela frente dois grandes obstáculos: 1) convencer ACM Neto de que é o melhor nome do oposicionismo municipal. 2) enfrentar o movimento “ESSE JÁ FOI, NÃO VOTE NELE”, cada vez mais firme e crescente. Ou seja, não votar em quem já foi prefeito de Itabuna.

Em relação ao primeiro entrave, Azevedo só será o candidato do gestor soteropolitano se realmente mostrar que pode derrotar o fernandismo e, por tabela, o petismo, já que Fernando Gomes é aliado do governador Rui Costa.

Se quiser sair dessa dependência e angustiante dúvida, se será ou não candidato de ACM Neto, deve pensar em um plano B, outra legenda fora da órbita de influência do também presidente nacional do DEM. Do contrário, corre o risco de não disputar o pleito sucessório.

Quanto ao segundo ponto, o capitão terá que encarar o movimento que prega o voto em quem nunca governou Itabuna. Vale ressaltar que mais da metade do eleitorado já aderiu à iniciativa que começa a penetrar nos bairros e toma conta dos formadores de opinião.

Claudevane Leite
Geraldo Simões

O “ESSE JÁ FOI, NÃO VOTE NELE” atinge em cheio o ex-prefeito Claudevane Leite, o Vane do Renascer, que vai se filiar ao PT para disputar a sucessão de Fernando Gomes pela legenda. Geraldo Simões não será candidato, mesmo tendo o controle do diretório municipal.

ACM Neto é candidatíssimo ao Palácio de Ondina na eleição de 2022, tendo como mais provável adversário um ex-carlista, o senador Otto Alencar, comandante-mor do PSD baiano. Uma vitória do seu candidato em Itabuna é importante para sua legítima e democrática pretensão de governar a Bahia.

Se a eleição fosse hoje, o médico Antônio Mangabeira (PDT) teria o apoio do prefeito de Salvador contra o chamado “esquemão”, cuja finalidade é derrotar o pedetista, suplente de deputado federal.

O “esquemão” é uma frente antimangabeira formada pelo PT, PCdoB, PSB, PP, PR, PSD e outras legendas que integram a base aliada do governo estadual. Os vereadores que apoiam a administração municipal são integrantes.

Em Itabuna, não vai ser fácil enfrentar o fernandismo e petismo, hoje de mãos dadas e em abraços calorosos. O crescimento contínuo, sem nenhum revés, do movimento “ESSE JÁ FOI, NÃO VOTE NELE”, dando um chega pra lá nos ex-prefeitos ávidos em retornar à prefeitura, é imprescindível.

Outros prefeituráveis, postulantes pela primeira vez, como a vereadora Charliane Sousa e o médico Eric Ettinger Júnior, provedor da Santa Casa de Misericórdia, também apostam no voto em quem nunca foi chefe do Executivo.

A edil, que é do PTB, tem uma boa atuação parlamentar, se destaca como uma fiscalizadora eficiente do governo Fernando Gomes. O provedor, ligado ao vice-governador João Leão (PP), é mais lembrado com um bom candidato a vice-prefeito.

Muita água ainda para passar sob as pontes do moribundo e agonizante rio Cachoeira. Muitas surpresas, sobressaltos, decepções, ingratidões e traições vão acontecer, tudo inerente ao jogo político, a luta desenfreada e sem escrúpulos para conquistar o poder.

O candidato que conseguir encarnar o antifernandismo, com boas propostas de governo, passando confiança ao eleitorado, cada vez mais cético com a classe política, será o próximo chefe do Executivo.

A impopularidade do prefeito Fernando Gomes, até agora sem sinais de que possa ser amenizada, vai se transformar em um invejável “cabo eleitoral” sem custar um centavo.