Esse Fernando Gomes não é fácil. Esperou o resultado final do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para dizer que não tem compromisso com o PT.
Cozinhou o PT em banho-maria.Usou, usou, e agora descartou. E para mostrar sua independência, ainda disse, com todas as letras maiúsculas, que não vai votar em Jaques Wagner para o Senado.
“Eu apoio Rui Costa, não tenho compromisso com Wagner e nem com o PT”, verberou o prefeito de Itabuna, deixando claro que o ex-governador é adversário político, persona non grata.
Em conversas reservadas, no chamado núcleo duro do fernandismo, já há uma decisão de não apoiar uma eventual candidatura de Lula – ou de qualquer outro petista – na eleição presidencial de 2018.
Duas perguntas são pertinentes:1) Como o comando estadual, sob a batuta de Everaldo Anunciação, vai se comportar diante da “rebeldia” do alcaide? 2) O PT vai deixar o companheiro Wagner a ver navios e ficar do lado do neoaliado?
O declarado anti-PT e antilulismo de Fernando Gomes, resvalando em Wagner, era tudo que o fernandismo pró-ACM Neto queria.
Anunciação e o “Volta Wagner”
Jaques Wagner, de maneira incisiva, descartou qualquer possibilidade de sair candidato ao Palácio de Ondina na eleição de 2018.
“Chance zero”, disse o ex-governador e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, se mostrando surpreso com o assunto e até irritado.
“Não existe nenhum movimento neste sentido na base aliada. Isso deve ter partido do lado de lá”, desabafou o não menos chateado Everaldo Anunciação, presidente do PT da Bahia.
Até as freiras do Convento das Carmelitas sabem que só tem uma hipótese que poderia levar Wagner para a disputa: uma acentuada impopularidade do governo Rui Costa.
O risco de uma derrota levaria o petismo a convencer Wagner a sair candidato. A última pesquisa aponta um empate técnico entre Rui Costa (reeleição) e ACM Neto, com o prefeito de Salvador na frente.
Acontece que o “Volta Wagner” não foi parido na oposição, como insinua Anunciação. Surgiu pela voz do inquieto Ângelo Coronel, filiado ao PSD do senador Otto Alencar.
Como o Coronel é o presidente da Assembleia Legislativa, e desses que não tem papas na língua, o PT preferiu atribuir a origem do “Volta Wagner” ao oposicionismo.
O PT sabe com quem mexe. E logo quem, o Coronel, que pode a qualquer provocação chutar o pau da barraca.
Félix e as amêndoas de cacau
O deputado Félix Júnior, presidente estadual do PDT, enviou representação à Procuradoria-Geral da República para impedir a importação de cacau por empresas produtoras de chocolate no Brasil.
O parlamentar, que faz um bom trabalho na Casa Legislativa, argumenta a existência de liberação de incentivos fiscais na importação e a concorrência de países que utilizam trabalhos escravo e infantil em suas plantações, como Camarões, Gana e Costa do Marfim.
Outra preocupação de Félix, que representa a bancada da Bahia na Câmara dos Deputados, diz respeito a possibilidade de contaminação por pragas pelo fruto importado.
“Entre as principais ameaças, está a monilíase do cacaueiro, praga ainda mais grave do que a vassoura-de-bruxa”, diz o deputado.
Loucos e irresponsáveis
Mesmo diante de um gigantesco rombo nas contas públicas, os senhores “homens públicos” só pensam em milhões de reais para bancar suas campanhas eleitorais.
Essa é a preocupação principal dos deputados e senadores em detrimento da discussão sobre o caos na saúde, na educação e o degringolar da economia.
Quando é para aprovar projetos que beneficiam diretamente a população, é um Deus nos acuda. Mas tudo é muito rápido se é para deixar os parlamentares alegres e satisfeitos.
Tem até os que acham que R$ 3,6 bilhões do fundo partidário é pouco. Mudaram até o nome do “fundão”. Agora é o pomposo Fundo Especial de Financiamento da Democracia, o FEFD.
Enquanto discutem a dinheirada para financiar as campanhas, já arquitetam um jeito – conhecido como jeitinho brasileiro – de permanecer na Casa Legislativa via “distritão”.
Concluo dizendo o óbvio ululante: salvando-se poucos, são todos loucos e irresponsáveis. A minha saudosa vovó Nair diria que merecem uma boa surra de cansanção. E no bumbum.
Sem Lula, Ciro ganha
Todas as pesquisas para o Palácio do Planalto apontam uma disputa no segundo turno entre o ex-presidente Lula (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC).
Na mais recente, do instituto DataPoder360, Lula tem 32%, Bolsonaro 25%, Ciro Gomes (PDT) 4%, empatando com Geraldo Alckmin (PSDB), e Marina Silva (Rede) 3%.
Quando sai Alckmin e entra o também tucano João Doria, prefeito de São Paulo, Lula fica com 31%, Bolsonaro 18%, Doria 12%, Ciro 6% e Marina 3%.
Sem Lula no páreo, impedido legalmente de concorrer, Bolsonaro assume a ponta com 27%, Alckmin 9%, Ciro e Marina com 8% e Haddad, reserva do PT, fica com 3%.
Em outro cenário, ainda sem Lula, com Doria no lugar de Alckmin, Bolsonaro pontua com 25%, Doria 12%, Ciro 9%, Marina 6% e Haddad 5%.
Uma eventual inelegibilidade de Lula favorece o pré-candidato do PDT, que tende a crescer no decorrer do processo em decorrência de ser o mais preparado de todos.
É no debate, no olho a olho, que Ciro Gomes vai se aproximar de Bolsonaro, sem dúvida o presidenciável mais fraco, oco, inconsistente, sem conteúdo e carente de substância.
Não vejo nenhuma chance em Marina e nem nos tucanos Alckmin e Doria. Em relação a Haddad, o PT e Lula não vão transferir os votos.
Sem Lula, Ciro Gomes é o próximo presidente da República.