A gente valoriza muito os começos, inícios, primeiros passos. E isso é muito bom, não é? Iniciar algo novo nos movimenta, nos impulsiona, nos tira da zona de conforto, nos desafia. Mas, meu amado leitor, em contrapartida à supervalorização dos inícios, a gente menospreza os finais. A gente se esquece de olhar para o que foi aprendido, vivenciado, construído.
Eu estou aqui escrevendo essas linhas hoje e você está aí do outro lado me lendo neste exato momento, porque trilhamos um caminho. Passamos por diversas situações, dificuldades, alegrias, desafios, medos, sonhos, planos. Muitos desses sonhos e planos a gente conseguiu realizar ou está em vias de realização e concretização; outros tantos foram transformados pelos caminhos próprios da vida. A nossa própria caminhada foi desenhando o caminho.
Precisamos, em algum momento de nossas vidas, deixar ir certos planos, pessoas, ciclos. Precisamos encerrar, finalizar, fechar, botar um ponto final. Repare como isso é grandioso! Ter a coragem de encerrar ciclos é tão forte quanto a coragem de iniciá-los. Os fins são necessários, nos apontam um novo caminho, um novo rumo, uma nova possibilidade.
Os fins nos possibilitam enxergar o que foi aprendido, o que pode ser repetido, o que precisa ser modificado. Os fins nos engrandecem porque decidimos não mais seguir por um caminho que não mais nos cabe, que não sintoniza mais com o que desejamos seguir. Os fins nos acrescentam porque nos fazem enxergar uma nova perspectiva, ficamos mais experientes e coerentes com os nossos valores.
Os fins nos possibilitam estar mais alinhados com os nossos valores! Quantas vezes já mudamos de ideia, opinião, visão de mundo, gostos, prazeres, objetivos? Os fins são portas que atravessamos rumo a essas mudanças. As transformações são necessárias para o nosso desenvolvimento, assim funciona a vida por todo esse mundão! As transformações das estações, dos ciclos lunares, do dia e da noite; tudo é cíclico. Tudo precisa se movimentar, tudo precisa morrer para renascer.
Esse é o movimento da vida! Esse movimento de vida-morte-vida é fantástico! Iniciamos um ciclo, vivemos, aprendemos, ganhamos experiência, trocamos, nos engrandecemos. Findamos esse mesmo ciclo para que outro possa ser iniciado. Precisamos passar pelo processo de luto, pela sensação de insegurança em não saber o que virá, se os novos planos darão certo; mas levamos, dentro de nós, tudo que foi vivido e aprendido para poder iniciar um novo ciclo com toda a experiência adquirida.
E entramos, mais uma vez, neste movimento de início, criando entusiasmo, ganhando força para nos impulsionar e, novamente, nos tirar da zona de conforto e nos desafiar para um novo novo.
Percebe como tudo é cíclico, meu amado leitor?
Até o final da nossa coluna voltou para o seu início.
* Psicanalista; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica;
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