Chegamos ao mês de agosto, mês que, para alguns, é o mês do desgosto”, principalmente para o conturbado mundo da política. Com efeito, dois importantes acontecimentos na história política do Brasil ocorreram nesse mês: o primeiro deles foi o suicídio de Getúlio Vargas, ocorrido a 24 de agosto de 1954 e, o segundo, a inesperada renúncia do histriônico Jânio Quadros, a 25 de agosto de 1961. Ambos acontecimentos tiveram grandes consequências e que mexeram com o curso da história do nosso país.
Nesta semana tivemos o reinício dos trabalhos no Congresso Nacional e, enquanto faço estas notas, não houve, ainda, a decisão da Câmara dos Deputados se aceita, ou não, a denúncia contra o Presidente Michel Temer, remetendo-a ao Supremo Tribunal Federal. Os ânimos estão acirrados na “fabulosa” capital do país, com os dois lados se engalfinhando; um lado quer manter Temer na presidência; o outro quer vê-lo bem distante.
Não votei na chapa Dilma/Temer mas não gostaria, a esta altura, que ele saísse do seu posto, pelos motivos que vou citar: falta menos de um ano e meio para ele deixar, legalmente, o cargo; o seu afastamento, por renúncia, por impeachment ou por outro meio qualquer, implicará em eleições indiretas, pelo Congresso Nacional e será uma nova confusão, isso se não acharem de modificar a constituição para permitir a realização de eleições diretas; como se costuma dizer que o “tempo voa”, bem ligeiro estaremos no final do ano e o que suceder a Temer terá pouco tempo para, efetivamente, governar. O atual governo, bem ou mal, e mesmo enfrentando índices baixíssimos de impopularidade, tomou algumas medidas que melhorarão o futuro do país, como a reforma trabalhista, a prometida reforma da previdência; as exportações vêm melhorando, a taxa SELIC vem caindo, a inflação também. Por outro lado, temos na presidência da república, uma pessoa comedida, de grande cultura e afável no trato com o semelhante. Não tem a envergadura de estadista de um Juscelino Kubitschek ou de um Fernando Henrique Cardoso mas, bem melhor que seus dois antecessores.
Também não acredito na sinceridade de muitos parlamentares que querem ver Temer no olho da rua; alguns estão agindo inteiramente dentro da ideologia de seus partidos, alguns bem conhecidos e que desejam solapar a democracia mas, a maioria, está, mesmo, de olho nas eleições do próximo ano. A operação Lavo Jato vem mostrando como a Odebrecht e a JBS compraram políticos de vários partidos, muitos deles, hoje, pedindo a cabeça de Temer e vociferando contra a corrupção.
Vamos aguardar a decisão soberana da Câmara dos Deputados quanto ao destino do governo Temer. O futuro dirá do acerto, ou não, daquela casa legislativa, em relação a um governo eivado de denúncias, muitas das quais tenho dúvidas quanto a sua veracidade. E vamos esperar que agosto passe bem depressa, levando os agouros para muito distante e traga paz ao nosso grande e complexo Brasil.
João Otavio Macedo.