A vida não está nada fácil para o atual ocupante do Planalto; vice de uma presidente arrogante que sofreu um impeachment há mais de um ano, esperava-se que o sucessor, pela idade, pela longa experiência no parlamento, pela vida profissional no ramo do direito, fosse completar o mandato de maneira tranquila e entregasse ao sucessor, em 2019, um país um pouco melhor. Entendo, após acompanhar o desenrolar da política brasileira desde os anos cinquenta, que não é fácil conduzir um país das dimensões continentais como o nosso, com tantas desigualdades regionais e com uma classe política que ainda precisa aprender muito.
Já vimos inúmeras crises e, certamente, outras surgirão no futuro; o parlamentarismo não faria desaparecer as crises mas elas seriam diminuídas e resolvidas mais rapidamente; ocorre que o povo brasileiro, chamado a opinar em dois plebiscitos, rejeitou o parlamentarismo, preferindo continuar com um presidencialismo que é rejeitado pela maioria das principais nações democráticas no mundo, a exceção dos Estados Unidos da América do Norte. Outra confusão muito grande é a existência de tantos partidos políticos, se não estou enganado, temos 35 registrados e mais 34 esperando registro. É muito difícil, se não impossível, negociar com tantos grupos políticos, a maioria ávida por negociatas e lançar mão no dinheiro público.
Costumo lembrar que, nos últimos sessenta anos, um presidente cometeu suicídio, outro renunciou com apenas seis meses de mandato, um terceiro foi deposto e dois sofreram o processo de impeachment. A democracia sofreu alguns arranhões, foi instaurada uma ditadura em 1964 que durou até 1985. Excetuando a prática da tortura e a abolição de prerrogativas democráticas, o período ditatorial não foi tão maléfico para o país, como se costuma apregoar; o Brasil avançou, a corrupção, se existiu, era mínima e a violência era a mesma encontrada nos demais países, fruto da própria natureza humana, sem os excessos que estamos vendo no momento; frequentava-se as ruas, avenidas e praças, sem medo, a qualquer hora do dia ou da noite. Vá fazer isso hoje!
Mas, retornando aos problemas vividos pelo presidente Temer, as acusações contra ele são pesadas e, se verdadeiras, o mais certo seria a sua saída. Ainda estou à espera de um pronunciamento da justiça, que possa esclarecer de maneira satisfatória os fatos que estão em jogo, pois acredito que, por trás de tudo isso, há, também, interesses contrariados, tanto nos meios políticos e empresariais como na grande mídia. A disputa política é brutal.
Com Temer ou sem Temer, o que a maioria do povo brasileiro deseja é paz, prosperidade, queda desse monumental desemprego e que voltemos a respirar um pouco de segurança. Continuar com essa situação que estamos vivendo, é umatristeza.
João Otávio Macedo