Em tempos de pandemia, como já estamos há mais de um ano, os serviços de saúde são mais acionados e é quando se percebe a maior ou menor capacidade das comunidades para o enfrentamento de situações inusitadas, difíceis e que dizem respeito à saúde e à vida das pessoas. As queixas ocorrem a todo momento e não poderiam ser diferentes e, no caso presente, foram poucos os países que se prepararam, devidamente, diante de um vírus desconhecido e que tem transtornado a comunidade científica internacional.
Embora a doença em pauta tenha, até certo ponto, poupado as crianças, atingindo mais os adultos, não se deve, no entanto, deixar de dar o máximo de atenção ao atendimento da saúde da população infantil, alvo de várias doenças próprias da faixa etária; é o segmento da população mais vulnerável às conhecidas “doenças próprias da infância”, doenças causadas por bactérias e vírus mas que têm, felizmente, o recurso da vacinação para evitá-las.
Por muitos anos tivemos, aqui na nossa Itabuna, apenas o Hospital Manoel Novaes, com a sua ala de pediatria, para cuidar dos pequeninos; a partir de 1968, foi inaugurado o Instituto de Pediatria e Puericultura de Itabuna (IPEPI), unicamente voltado para a pediatria, funcionando, inicialmente, no segundo piso de um prédio na Avenida do Cinquentenário; posteriormente, mudou-se para a praça da Bandeira, com acomodações mais amplas, porém insuficientes para uma ampliação dos serviços, o que foi conseguido com a aquisição do prédio na Avenida das Nações Unidas, onde até hoje se encontra. A partir de 2002, a razão social passou a se chamar Centro Médico Pediátrico de Itabuna (CEMEPI), oferecendo, além das consultas, internação e outros serviços necessários a um bom atendimento.
Com a instalação do SUS, muito bonito no papel e ótimo para a população, passamos a ver uma derrocada de vários hospitais e serviços médicos, pois os valores recebidos pelos prestadores foram cada vez mais insuficientes para enfrentar o crescente aumento dos insumos, dos impostos, dos salários, enfim, de tudo que diga respeito à manutenção de uma instituição complexa e difícil, como é um hospital.
Nada contra o SUS, pois a nossa constituição diz que “a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”, tendo universalizado o atendimento médico-hospitalar, contudo, não se cuidou, devidamente, de atentar para a “saúde financeira” desses nosocômios; valores defasados, sem complementação e, em alguns casos, com um grande atraso, bem como o aumento constante nos diversos itens da manutenção do hospital, e eis um terreno fértil para minar os alicerces dessas instituições.
O CEMEPI não seria exceção e, a partir de setembro de 2018, foi praticamente desativado, apesar de continuar com as suas instalações praticamente intactas. Infelizmente, não houve a devida compreensão e o necessário apoio das várias administrações municipais, apesar dos ingentes esforços de tantos quantos ali batalham pela saúde das crianças. Conheço bem a trajetória do CEMEPI, dede os tempos do IPEPI, pois sempre acompanhei a lida de minha saudosa e sempre lembrada esposa Dra. Zina Macedo que, desde fevereiro de 1970, emprestou o seu conhecimento, a sua dedicação e o seu carinho, no tratamento das crianças. Sempre comentávamos, em casa, que era incompreensível a situação do CEMEPI diante das necessidades do atendimento à infância, na cidade.
O prefeito Augusto Castro está no firme propósito de resolver as questões que envolvem a reabertura do CEMEPI, atentando para as questões contratuais que evitem o que ocorreu no passado. Quando faltam leitos para a pediatria e vê-se um hospital pronto e fechado, é que algo está errado. O SUS é irreversível e a população dele precisa; apenas não se deseja que as entidades conveniadas sejam afogadas por uma baixa remuneração de serviços essenciais tão necessários à população.