VIOLÊNCIA DOS HOMENS E DA NATUREZA


Sobre esse tema, veja a opinião de João Otávio Macedo, médico e ex-vereador itabunense


Por João Otávio Macedo

                           O avanço nas comunicações, permitindo que se saiba e se veja o que  acontece no mundo, se por  um lado  tem trazido  mais  conhecimento e maiores  informações, quando não  somos  bombardeados  pelas  “fake  news”, também tem nos levado  a uma  maior reflexão sobre o  comportamento  humano e  seus  caminhos, o que  tem  conduzido muitos a  se  afastarem  dessas notícias  ruins que  nos  deixam angustiados.
                            A  natureza também tem concorrido  para  aumentar  a apreensão com  seus  fenômenos  cíclicos que causam muita destruição  e  mortes. O início do ano, para nós que moramos neste pedaço do nordeste, foi marcado por  enchentes, cujos efeitos até  hoje  são  encontrados, com  muitos  prejuízos, principalmente para os que já não tinham muita coisa. Além das ações dos  diversos  governos, uma ampla  rede de solidariedade humana se estendeu para  diminuir o sofrimento dessas pessoas e  essas enchentes também migraram para  outras regiões deste imenso país, e agora estamos  vendo o estrago que está sendo feito  em Pernambuco que, diferentemente do que ocorreu por aqui, com grandes prejuízos materiais, as  enchentes no Recife e em outras áreas daquele estado nordestino causaram, também, preciosas perdas humanas. Não se  tem muito a fazer diante dessas ações da natureza que ocorrem praticamente em todo o  planeta; quando não são as enchentes, são os  vulcões, os terremotos, os tufões e  outras manifestações chamadas de naturais e que independem, na maioria, da ação humana. É  frequente jogar a culpa sobre o aquecimento global e, por  tabela, envolver todos os passos da civilização na gênese desse problema quando, alguns  cientistas renomados discordam dessa assertiva; muitas dessas ocorrências , digamos  climáticas,  não estão   relacionadas aos efeitos da civilização, que  deve mudar o seu comportamento, é evidente, antes que a situação se torne irreversível; os líderes mundiais demoraram um pouco para agir mas, ultimamente, vários encontros têm se realizados para melhor tratar o nosso planeta.
                  Mas, além da vivência da natureza, que é cíclica, também estamos envolvidos com a violência dos homens que, em alguns  aspectos, suplanta a violência dos chamados animais inferiores. Isso se vê, quase diariamente, no noticiário dos  meios de comunicação. Na maior nação do mundo, os  Estados Unidos da América, frequentemente indivíduos, muitas vezes jovens, empunham uma arma e saem matando indiscriminadamente; há cerca de duas semanas, duas  chacinas foram efetuadas naquele país, uma contra pessoas que  se encontravam em um supermercado, morrendo 10  vitimas e, outra , em uma  escola, com um número maior de mortos,, muitas crianças.
                  Aqui no nosso amado Brasil, os  espectadores ficaram estarrecidos com a violência praticada contra um cidadão que cometeu uma infração de trânsito, na BR-101, trecho da Umbaúba, no  Estado de  Sergipe, e  que acabou sendo morto por asfixia, depois de sofrer  várias agressões; pergunta-se: por que  tanta  violência? No caso presente, a vítima  foi abordada por  três agentes.
                   Sabemos que não é fácil enfrentar  o crime organizado, que não se enquadra no caso  presente e os policiais têm vida dura, com impactos  psicológicos importantes. O  aparato policial existe para proteger o  cidadão e combater a bandidagem que, cada  vez mais se aparelha melhor, com armas potentes e de última geração, muitas  vezes superior às usadas pela polícia.
                   As pessoas que cumprem o seu dever, que trabalham para a sua manutenção e a de sua família, esperam que o Estado também cumpra o seu dever e aparelhe cada vez melhor os  órgãos de defesa do cidadão e do próprio  Estado, para que a nossa  sociedade possa viver dias melhores e com menos violência; de violência incontrolável, basta a da natureza.