Escritor baiano é candidato a vaga na Academia Brasileira de Letras


Escritor tem obras publicadas em 10 idiomas e mais de 160 países


Foto Divulgação

Ele é poeta, cronista, contista e romancista. Autor de 51 livros, tem suas obras publicadas pelo mundo, em 10 idiomas e mais de 160 países. O escritor baiano João Calazans Filho, 68 anos, traz uma produção profundamente enraizada nas tradições culturais do Nordeste. E, agora, vai em busca de uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL). Calazans acaba de lançar oficialmente sua candidatura à cadeira 27 da ABL, anteriormente ocupada pelo poeta Antônio Cícero. A eleição será realizada no próximo dia 11 de dezembro e o baiano surge como um dos fortes concorrentes.

Considerado um dos principais autores brasileiros contemporâneos, Calazans é conhecido por seu compromisso com temas regionais, com tributo à tradição cultural de uma das mais emblemáticas regiões da Bahia, retratando o cotidiano e a história do povo cacaueiro.

“Assumir a cadeira 27 não é apenas um anseio pessoal, mas uma oportunidade de dar centralidade à contribuição cultural da Bahia para a perpetuação de uma literatura que, como diria Jorge Amado, ‘é feita para o povo e pelo povo’. Espero trazer uma visão que honre o legado de Antônio Cícero e valorize a diversidade cultural do nosso país”, afirma Calazans.

O escritor destaca que, como baiano, está distante da sede da ABL e das oportunidades de diálogo direto com membros, mas sente-se alinhado com todos os concorrentes em seu compromisso pela língua portuguesa e pelo desenvolvimento da literatura nacional. Ele oficializou sua candidatura por meio de carta enviada ao imortal Merval Pereira, atual presidente da ABL.

“Acredito que qualquer candidato que venha a ocupar a cadeira 27 honrará o legado do grande poeta Antônio Cícero. Estou aqui, junto com todos eles, lutando por uma língua portuguesa melhor e pela expansão da literatura brasileira aos lugares mais distantes deste planeta,” observa o autor.

Os livros – Calazans segue a inspiração e os passos de Jorge Amado e de pelo menos outro grande autor baiano, Adonias Filho, cujas obras mantêm vivo o legado nordestino em leituras que transitam entre o clássico e o popular, refletindo os dilemas e encantos do homem comum. Nascido em um pequeno vilarejo chamado Jacareci, seu primeiro livro foi “Dúvidas & Desejos”. Obras como “O Beco”, “Rio Sol – Uma História de Fé”, “Cortina de Fumaça”,”A Salamandra” e o infanto-juvenil “O Pé de Cacau Encantado” – indicado ao Prêmio Jabuti – fazem parte de sua carreira de escritor renomado.

 

Os temas retratados vão desde a fé e resiliência até questões sociais como a violência urbana e a corrupção. Sua prosa combina uma linguagem simples e cativante com uma profundidade que ressoa com a diversidade cultural do Brasil em um mundo marcado pela inovação.

Seu próximo romance é “O Portão 4”, em fase de pré-lançamento. A obra traz uma narrativa singular sobre o povo paulistano, prometendo encantar os leitores ao mergulhar na vibrante cultura boemia de São Paulo, celebrando a cidade que o inspira e acolhe. Nele reafirma seu compromisso com a arte de contar histórias que capturam a essência do cotidiano e da alma brasileira. Em seguida, em 2025/2026, apresentará “Tudo por um Conto”, uma coletânea de contos, e mais um romance, “A Diaba”.

 

A força da literatura – Tanto Machado de Assis quanto João Calazans Filho são autores negros e representam, em diferentes contextos históricos, a importância da representatividade na literatura brasileira. Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e expoente do realismo, enfrentou o racismo do século XIX, enquanto João Calazans Filho deseja entrar para a casa de Machado, concorrendo à cadeira 27 que está vaga e, em sua contemporaneidade, aborda questões sociais e culturais com uma visão crítica e engajada, destacando a riqueza do povo brasileiro. Ambos exemplificam a força da literatura como meio de expressão e transformação social.

Ao longo de sua carreira, Calazans vem se envolvendo em projetos culturais e educacionais, dedicando-se a incentivar novos escritores e promover o gosto pela leitura entre jovens e adultos. O escritor vê na Academia Brasileira de Letras uma plataforma para expandir esses esforços e contribuir ainda mais para o fortalecimento da cultura e literatura brasileiras.

 

A literatura surgiu na vida de Calazans já na maturidade. Professor e educador, teve parte significativa de sua vida profissional voltada para o esporte, com a oportunidade de visitar inúmeros países, sempre com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de jovens talentos e a promoção de valores brasileiros por meio do fomento à prática esportiva.

“Mas, foi na literatura que encontrei, na maturidade, meu maior alicerce e alavanca de ação, a partir da produção cotidiana de escritos que dialogam com as múltiplas facetas da realidade humana”, completa o escritor.